BRUXELAS, 29 ABR (ANSA) – Por Patrizia Antonini – Os líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia se reúnem neste sábado (29) para negociar estratégias para saída do Reino Unido da União Europeia. Durante o encontro, eles devem reconhecer que se a Irlanda do Norte passar a integrar a República da Irlanda vai pertencer automaticamente ao bloco.   

No ano passado, no referendo realizado em junho, a maioria dos eleitores na Escócia e na Irlanda do Norte votaram pela permanência do Reino Unido. A possibilidade de ter uma Irlanda unificada após o Brexit cria uma nova preocupação para o Reino Unido.   

O primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, já havia pedido aos seus homólogos para reconhecerem que a Irlanda no Norte entraria automaticamente para a UE no caso de uma unificação, o que seria o mesmo que aconteceu com a Alemanha, em 1990, quando aconteceu a reunificação da República Democrática da Alemanha e da República Federal da Alemanha.   

A UE, claro, não toma uma posição sobre a possibilidade de uma Irlanda unida. Se a questão surgir, será a população da Irlanda e da Irlanda do Norte que decidem de acordo com Acordo de Sexta-feira Santa.   

O acordo de paz, assinado em 1998, que pôs fim a décadas de violência, refere que um referendo deve ser realizado tanto na República da Irlanda como na Irlanda do Norte para que a unificação possa se concretizar.   

O novo problema para Londres é adicionado a uma longa lista, que inclui uma questão financeira de uma conta a ser paga à União, que é equivalente a 60 bilhões de euros circulando informalmente até o momento, um acordo bilateral com Madrid, o qual a UE condiciona a extensão a Gilbratar em uma futura relação de livre comércio.   

Por outro lado, a questão da fronteira irlandesa já foi indicada pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, como um dos três pontos-chave, juntamente com a garantia de direitos para os cidadão e respeito de todas as obrigações financeiras por parte da Grã-Bretanha à UE. No entanto, toda essa conversa de reunificação irlandesa alimenta temores de que a Grã-Bretanha teme que o Brexit fortaleça a campanha dos separatistas, enquanto que em Londres, de acordo com relatos de fontes diplomáticas, a ideia ainda não foi tomada em plena consciência pelo presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, e pela primeira-ministra, Theresa May.   

A UE, porém, se reúne hoje para emitir as obrigações financeiras do Reino Unido, embora, a partir de uma avaliação inicial, o futuro quadro financeiro após 2020 será limitado, já que o “buraco” deixado no orçamento foi reforçado por contribuições dos 27 Estados-membros. (ANSA)