Existe um interessante exercício de Física que diz o seguinte: o que acontece quando dois objetos de infinita massa e infinita aceleração batem de frente?
Baita explosão, diria eu que não entendo patavina de Física.
(Na verdade, o que acontece é que um atravessa o outro, mas isso é para outro texto).
O fato é que o infinito se presta muito bem para esse tipo
de teoria.
No infinito cabe tudo, tudo pode acontecer.
Até duas linhas paralelas se encontram no infinito.
Essa teoria das forças infinitas se chocando tem batucado na minha cabeça nas últimas semanas.
Por que é uma excelente metáfora para o Brasil de hoje.
Um infinito esforço para separar quem presta de quem não presta na política, se chocando com a infinita motivação dos canalhas para evitarem ser presos e afastados do seu e do meu futuro.
Forças infinitas que se chocam.
Por que infinitas?
Porque o lento processo de moralização do País deixou de ser um simples braço de ferro entre Moro e a Lava-Jato versus políticos corruptos.
Moro não é um juizeco enxerido criando problemas.
Moro capturou irreversivelmente o imaginário popular e contaminou o Ministério Público, promotores, alguns políticos, Polícia Federal e a população com a ideia de que um novo ethos é possível.
As consequências são infinitas e começam a pipocar em todos os cantos.
Quer um exemplo?
Só esa semana surgiram duas iniciativas para se terminar com os carros oficiais.
Uma veio de João Dória, outra da Assembleia [explosiva] do Rio de Janeiro.
Quem pensaria nisso há 10 anos?
Na grande ordem das coisas, no tempo infinito, o vetor de mudança hoje aponta para uma sociedade que compreendeu que é necessário derrubar a velha moral.
No infinito, seremos um País melhor.
Concordo.
Esperar um futuro infinito para que o Brasil saia dessa lama não é uma ideia animadora.
Mas ninguém disse que seria fácil ou prometeu que
você e eu seríamos testemunhas desse novo Brasil
Dada a quantidade de facínoras que não param de aparecer na mídia, estou convencido que não vamos – você e eu – assistir ao final desse filme.
O que me faz lembrar de outra teoria de infinito.
A teoria dos infinitos macacos.
Aquela que diz que se você deixar um número infinito
de macacos digitando em um número infinito de computadores, eventualmente um deles escreverá uma obra de arte.
Dá até para dizer que algum macaco mais sortudo vai randomicamente escrever uma obra de Shakespeare.
Afinal infinito é infinito, não discuta.
Por extensão podemos dizer que infinitos policiais federais, executando infinitas operações com nomes esquisitos, prenderão infinitos canalhas.
Uma criança de uns sete anos que comece a ler jornais como lição de casa, deve imaginar que o Brasil sempre
foi assim.
Que aqui corrupção nunca deu dinheiro ou nunca foi tolerada.
Doce ilusão.
Mas é exatamente nessa ilusão pueril que temos que apostar.
Vejo nos adolescentes como fomos eficientes em dizimar
o racismo e a homofobia.
Quem sabe essa geração que vem aí, que cresceu a doses cavalares de Moro, seja infinitamente mais honesta
que nós.

Se você deixar um número infinito de macacos digitando em um número infinito de computadores, eventualmente um deles escreverá uma obra de arte