Enquanto aguarda o momento de comandar o filme solo de Batman, ainda sem previsão de lançamento, Ben Affleck posa de anti-herói em busca de redenção. O ator com um dos maiores salários da indústria (ele embolsou US$ 12,5 milhões para aparecer apenas alguns segundos como o homem-morcego no recente “Esquadrão Suicida”) encontrou um contraponto no thriller “O Contador”, filme de Gavin O’Connor que entra em circuito nacional dia 20 depois de ser uma das atrações do Festival do Rio, que vai até o domingo 16. Seu personagem é um matador de aluguel com autismo — o que faz do filme uma espécie de cruzamento entre “Uma Mente Brilhante” e o espião Jason Bourne.

Embora o contador Christian Wolff interpretado por Affleck use suas habilidades inicialmente no mundo do crime, ele acaba ajudando uma colega (Anna Kendrick) a identificar os culpados de um desfalque de milhões de dólares em uma empresa de robótica. Quando a jovem passa a correr perigo, o contador com treinamento militar é o único capaz de protegê-la.

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“Eu não seria louco em tratar uma questão séria como o autismo com desrespeito”, diz Affleck, lembrando que, se não houvesse o gene causador desse distúrbio neurológico, o mundo não teria conhecido alguns dos seus maiores matemáticos, cientistas e músicos. “Interpretamos o que os autistas precisam enfrentar a vida inteira como algo heroico.”

Por razões contratuais, Affleck não pode revelar detalhes do reinício da franquia do herói de Gotham City. Ele não só encarnará Batman como será o diretor, o produtor e o co-autor do roteiro. “Estamos em pré-produção”, conta, lembrando que o lançamento dependerá do calendário da Warner, repleto de títulos baseados nos quadrinhos. Antes de Batman, chegam aos cinemas a aventura solo de Mulher Maravilha (junho de 2017), de Flash (março de 2018) e de Aquaman (julho de 2018), além dos títulos da Liga da Justiça, com a participação do homem-morcego, previstos para 2017 e 2019.

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TEMA SÉRIO

“Os filmes de super-heróis vieram para ficar, por serem o gênero que mais dá bilheteria hoje. Pelo que os números revelam, é o que o público quer ver”, afirma Affleck, dando como exemplo a renda de “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”. Mesmo com as críticas negativas que recebeu, a superprodução de US$ 250 milhões faturou nos cinemas US$ 873 milhões desde o lançamento.

Affleck diz não saber se “Argo” (2012), com o qual ele conquistou o Oscar de melhor filme, faria o mesmo sucesso se fosse lançado hoje. A produção de US$ 44 milhões (estrelada e dirigida por ele) arrecadou US$ 232 milhões. “O filme adulto com tema sério é o que o mais sofre no cinema.”

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ENTREVISTA
Ben Affleck

“Tratamos o autismo de forma realista”

Como você vê o alcance dos filmes de super-heróis no mundo?

É com esse nicho que a indústria de cinema americana está conseguindo se comunicar, do ponto de vista cultural, com o resto do planeta. Essas superproduções já arrecadam mais nos mercados internacionais que no doméstico, cerca de dois terços do total. Os demais países não compram mais de Hollywood tantos romances, dramas e comédias, gêneros que eles mesmos podem fazer com atores e dinheiro locais. O que eles não conseguem é desembolsar US$ 200 milhões em filmes-evento de super-heróis, repletos de efeitos visuais. Esse filão é nosso.

Como imagina que o seu matador de aluguel com autismo será recebido pelo público?

Desde o início sabíamos que o filme poderia ferir sensibilidades por trazer cenas de ação com um autista, sobretudo por ele ser um exímio atirador. Mas não me preocupo por ter a certeza de que usamos as características do autismo de forma realista.

Viver um contador autista funciona como uma pausa em sua imagem de herói associada a Batman?


Sim, pelo menos no sentido tradicional do herói de cinema. O autista não sai por aí usando uma capa para combater o crime. Por outro lado, acho que o filme pode ser visto como homenagem a essas pessoas que superam seus limites.


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