FUTURO: Em 2017, investigações continuarão a agitar Brasília
FUTURO: Em 2017, investigações continuarão a agitar Brasília

Se 2016 está sendo o ano de a Odebrecht, na Lava Jato, chacoalhar as bases da República, 2017 deve ser o da Construtora JHSF repetir o feito no âmbito da operação Acrônimo. Foi o que revelou à coluna um investigador de altíssimo escalão. As apurações relacionadas à empresa conduzem a uma teia extensa e apartidária, com poder de fogo para chamuscar caciques dos principais partidos do país, especialmente os do PMDB. A avaliação é a de que quem não for abatido pelas revelações feitas por Marcelo Odebrecht e companhia acabará sendo alvejado pelas descobertas da Acrônimo. Uma das linhas de perscrutação envolve informações do ex-senador e delator Sérgio Machado. Deflagrada em maio de 2015, tenta desvendar um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais.

Esperança
Procuradores da Lava Jato não descartam retomar as negociações de delação com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, rompidas pelo procurador-geral, Rodrigo Janot. Pela falta de braço, porém, dizem que só vão passar a pensar no assunto depois que for resolvida a da Odebrecht, que deve levar meses só para colher depoimentos.

Sonecas
Por conta de desentendimentos com os colegas, Marcelo Odebrecht voltou a ficar sozinho em uma cela na carceragem de Curitiba. Os outros presos reclamam que ele anda muito emotivo, principalmente após receber visita de familiares. O hábito de se exercitar bem cedo também incomodava os companheiros.

Igual ou maior

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Um investigador resume como a Lava Jato encararia delação de Eduardo Cunha: “Não adianta delatar quem está abaixo dele na organização criminosa. Tem que ser do mesmo nível ou acima”. E a defesa de Cunha argumentará que não havia risco de fuga ao exterior porque ele perdeu o passaporte diplomático ao ter o mandato cassado e não tirou outro. Só com o documento italiano não daria para sair do Brasil.

Rápidas

* Pegou mal no Planalto quando Rodrigo Maia (DEM-RJ), em sua interinidade durante a ausência de Temer, sancionou a liberação de mais verbas para o FIES. O presidente já tinha até gravado uma mensagem sobre o tema para a ocasião. O gesto despertou desconfiança.

* Chamou a atenção a ida do advogado Eduardo Braide (PMN-MA) ao segundo turno da disputa pela prefeitura de São Luís sem o apoio de nenhum cacique – fosse do governador Flávio Dino (PCdoB) ou da família Sarney.

* Braide gastou R$ 290 mil, quatro vezes menos que o atual prefeito, seu adversário. Com o apoio de 12 siglas, Edivaldo Holanda Júnior (PDT) uniu DEM ao PT. Mas se vencer a terceira via, a ampla base pode não reeleger Dino.

* Rodrigo Maia e Rogério Rosso, que neste ano disputaram entre si a presidência da Câmara, se aproximaram. As filhas pré-adolescentes dos dois se tornaram BFF (“Best Friend Forever” – o antigo “melhores amigas”).

Retrato falado

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“União entre PSDB e PMDB é fundamental à estabilidade econômica e política do país”

Muito tem se especulado sobre o futuro da aliança entre PMDB e PSDB, com a aproximação das eleições de 2018. Taxativo, o líder dos tucanos na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), diz não ver como uma cisão beneficiaria o País atualmente. É certo que ele tem interesse na aliança, já que busca o apoio do Planalto numa possível candidatura à presidência da Casa. Mas, além disso, ele e outros tucanos ressaltam sempre a “solidez teórica” que o PSDB oferece à gestão de Temer.

Toma lá dá cá

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ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, KAKAY, ADVOGADO

Agora que o STF anulou provas contra o ex-senador Demóstenes Torres, seu cliente, o que o sr diria aos senadores que votaram pela cassação dele há quatro anos?

Na época, alertei na tribuna do Senado que, embora as instâncias sejam separadas (Legislativo e Judiciário), eles estavam cassando um senador eleito legitimamente baseados em provas que eu tinha certeza que seriam anuladas pelo STF por serem ilegais. O alerta serve para casos futuros.

A Lava Jato também traz erros na produção de provas?
Há diversos abusos. Por exemplo, a prisão preventiva ter se tornado obrigatória, o excesso na condução das delações e a espetacularização dos processos. São muitos os erros que vem sendo cometidos.

Corrida maluca
Líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF) já testa o terreno para uma possível candidatura à presidência da Casa, no início do ano. Na última disputa, ele só perdeu para Rodrigo Maia (DEM-RJ). Do mesmo campo político, será necessário convencer Jovair Arantes (PTB-GO) a recuar dos próprios planos. O goiano já tem até promessa de campanha e anda dizendo que não deixará a cláusula de barreira prosperar. Mas Rosso, que soube se descolar mais rapidamente de Eduardo Cunha, é mais bem visto pelo Planalto. Outro desafio é conseguir compor com o PSDB, que também quer o cargo e já ventila o nome de Imbassahy
e dos paulistas Carlos Sampaio e Silvio Torres.

Sem políticos
Foi cercado pela esposa, Flávia, e profissionais do escritório de advocacia que o ex-senador Demóstenes Torres comemorou a vitória de seu caso no STF. Ele ganhou de seu advogado, Kakay, jantar no restaurante Piantas, do qual o criminalista é dono. Brindou com vinho, discursou e recebeu telefonemas.

Recuperação
Com a conclusão da PEC do Teto dos Gastos, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer chamar a UNE para conversar. Sentar na mesa e saber o que a entidade que representa os estudantes espera da reforma do Ensino Médio. Na avaliação de Maia, o Congresso vai ter que dialogar, pois não dá para impor força em todos os temas.

Kojak

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O Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, comentou com colegas o entrevero com o presidente do Senado, Renan Calheiros. “Estão querendo o meu escalpo”, disse, e caiu na risada. Moraes é careca. Aliás, por essa característica, ele é chamado nos corredores do Palácio do Planalto de Kojak, o detetive que protagonizou série americana nos 70.

Maria-louca

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No restaurante de um pretigiado hotal de Brasília, Jaz aberta uma garrafa do apreciadíssimo vinho pêra manca. Seu dono, que sempre era recebido com uma taça da bebida ao chegar no local, é Eduardo Cunha. mas ele deve passar ainda um bom tempo preso em Curitiba, sem desfrutar o néctar português.

Fotos: Pedro França; AP Photo/Denis Ferreira; Alexssandro Loyola; Adriano Machado/ISTOÉ; Elza Fiúza/Agência Brasil; divulgação