A Anistia Internacional realiza, nesta quarta-feira, protesto em frente ao Comitê Organizador Local da Olimpíada (COL) contra o aumento de violência policial às vésperas dos Jogos do Rio. Quarenta sacos fúnebres foram expostos em frente ao prédio do órgão, para simbolizar as pessoas mortas em ações policiais em maio. Sobre cada um, havia a indicação do batalhão da PM em que houve a morte.

“Em anos de megaevento esportivo há o aumento expressivo do número de pessoas mortas pela PM do Rio. O Rio teve tanto a oportunidade quanto o fardo de sediar três megaeventos, o Pan de 2007, a Copa do Mundo de 2014 e agora a Olimpíada. Houve aumento significativo do número de mortos pela PM de 2006 para 2007. Em 2014, o número foi 40% maior em relação a 2013. E agora, com a aproximação de Olimpíada a gente vê essa tendência aumentando”, afirmou a pesquisadora da Anistia para segurança publica, Renata Neder.

O diretor executivo da Anistia, Átila Roque, protocolou ainda no COL abaixoassinado, em que pede o controle do uso de armamento letal pela polícia. “Essas operações sob a perspectiva de guerra contribuem para o aumento do índice de mortos pela PM e também para o aumento do número de policiais mortos. É uma política em que todos perdem. Perde a cidadania, a polícia, que deixa se ter o respeito da população, e o Estado, que acaba instrumento de violação e não de garantia de direitos. A Anistia não é contra a segurança, que as pessoas se sintam seguras para desfrutar da Olimpíada. Mas contra operações policiais violentas e seletivas, focada em jovens, negros e pobres”, afirmou.

A Anistia lançou ainda, em 5 de julho, o aplicativo Fogo Cruzado, ferramenta que permite fazer o mapeamento dos registros de tiroteios na cidade. Foram realizados 30 mil downloads e na primeira semana o aplicativo recebeu 400 contribuições. Desses, 260 foram publicados depois que a Anistia filtrou os dados para evitar casos duplicados e registros de outras cidades.

Os primeiros registros se concentraram em áreas de zona norte do Rio e no Complexo do Alemão. Numa semana, houve cinco dias de confrontos em favelas do Alemão.

“Vamos publicar relatórios mensais e trimestrais e fazer cruzamento com dados de educação e saúde para que possamos dimensionar o impacto de violência armada sobre outros direitos. As pessoas associam a violência armada aos homicídios, mas há também a violação ao direito à educação e saúde, quando escolas e postos são fechados”, afirmou Renata.