Angelina Jolie volta a atrair os holofotes um ano depois do estardalhaço provocado pelo fim do seu casamento com Brad Pitt. Desta vez, por méritos. Dois filmes apresentados na semana passada na 42a edição do Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) trouxeram o seu nome nos créditos: “First They Killed My Father”, como diretora, e “The Breadwinner”, como produtora. Apesar de sua magreza ter suscitado comentários de que ela ainda não teria superado a separação, Angie, como é conhecida, mostrou-se confiante em suas aparições, sempre acompanhada dos filhos.

Em família

“Um livro de dois dólares que comprei no Camboja mudou minha vida e a do meu filho mais velho, Maddox”, contou Angie à ISTOÉ, no palco do Princess of Wales Theatre, ao falar da obra homônima que a inspirou a dirigir o longa “First They Killed My Father”. O fato ocorreu há 16 anos, quando ela visitou o país pela primeira vez para rodar “Lara Croft: Tomb Raider”. “Lendo o livro, me senti ignorante por nada saber sobre o que país enfrentou”, disse, referindo-se ao genocídio provocado pelo regime do Khmer Vermelho (1975-1979). É nesse período que ela ambienta o filme, disponível aos assinantes da Netflix.

Escrita por Loung Ung, a história resgata a experiência que a autora sofreu na infância, ao ser expulsa de sua casa e levada ao interior do país, onde a população era forçada a trabalhar no campo. O processo conhecido como “Utopia Agrária” resultou na morte de 25% dos cambojanos, inclusive os pais e irmãos de Loung.

“Ao descobrir o que aconteceu, pensei que o cambojano pudesse ter se tornado um povo tomado pela raiva”, disse Angelina, que entrou em contacto com a autora quando terminou o livro. “Mas não. Fiquei admirada com a persistência, o orgulho e a beleza das pessoas. Loung foi uma das primeiras a saber que eu queria adotar uma criança cambojana. Por ela ter me ensinado tanto, em todos esses anos de amizade, é que eu quis compartilhar a sua história com o mundo.”

Embora mostre os horrores do genocídio, com cenas de corpos estilhaçados, o filme não foi concebido apenas como retrato do período sangrento. “Não é um filme de guerra e sim uma homenagem aos que não sobreviveram e aos que sobreviveram a ela”, disse. “Quero que o público deixe a sala de cinema se sentindo diferente com relação ao Camboja. Espero que ele se identifique com o personagem do pai, que se comova com a mãe e que pense em todas as garotinhas que enfrentam a mesma situação de Loung”, disse.

NO SET Angelina com a menina Sareum Moch, protagonista do filme “First They Killed My Father”, sobre o massacre no Camboja nos anos 1970. Ela também produziu a animação “The Breadwinner

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Dois de seus filhos trabalharam no filme — o quarto longa-metragem que Angie como diretora, depois de “Na Terra de Amor e Ódio” (2011), “Invencível” (2014) e “À Beira Mar” (2015). O cambojano Maddox, de 16 anos, foi um dos produtores executivos, e o vietnamita Pax, 13, atuou como fotógrafo. Além deles, toda a prole prestigiou a sessão de gala em Toronto, completada pela etíope Zahara, 12, e os filhos biológicos, Shiloh, 11, e os gêmeos Vivienne e Knox, 9. “Filmei também para ajudar Maddox a aprender sobre si mesmo e se aproximar da terra natal.”

Outro país que a atraiu, Afeganistão, serviu para ambientar a animação “The Breadwinner”, que ela produziu. “Estive lá várias vezes. É triste ver que as afegãs são proibidas de estudar”. O filme é dirigido por Nora Twomey e retrata uma menina de 11 anos obrigada a se disfarçar de menino para fazer bicos para sustentar a família, depois que talibãs prendem o seu pai. “É preciso ter coragem e fazer perguntas”, disse Angie, ao final da sessão, quando uma garotinha da plateia quis saber como ela poderia ajudar as afegãs. “Entender nossas diferenças também é um caminho. A diversidade torna o mundo mais interessante.”


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias