SÃO PAULO, 19 SET (ANSA) – O secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, disse nesta terça-feira (19) que o mundo “está em pedaços”, enfrentando sérios “problemas”, e que a ameaça nuclear nunca foi tão grande desde o fim da Guerra Fria. “A ameaça nuclear nunca foi tão grande desde o período da Guerra Fria. O medo não é abstrato. Milhões de pessoas vivem sob uma sombra de terror causada por provocadores testes nucleares da Coreia do Norte”, disse Guterres, em sua estreia em Assembleias-Gerais da ONU.   

O português pediu que a comunidade internacional, através do Conselho de Segurança, una-se para combater a ameaça, mas de maneira política e diplomática. “A solução deve ser política, não precisamos caminhar como sonâmbulos em direção à guerra”, solicitou. De acordo com ele, o “mundo está com problemas”, “com a sociedade global se desintegrando”, “em pedaços”. Citando questões como o aumento da insegurança e da desigualdade econômica, além de crises financeiras, Guterres afirmou que os líderes mundiais precisam “criar um mundo melhor para todos” e propor uma “globalização justa”. O secretário-geral falou também das ameaças representadas por grupos terroristas, “que destroem sociedades e desestabilizam regiões”. “Precisamos intensifar o trabalho de contraterrorismo de maneira integrada”, orientou Guterres, propondo a criação, no ano que vem, de uma agência internacional de contraterrorismo.   

Mas o português ressaltou a necessidade das lideranças mundiais atuarem em programas contra a radicalização, com base em educação de jovens e integração. “Não vamos conseguir combater o terrorismo se não resolvermos os conflitos que causam o terrorismo”, comentou. Em seu discurso de aberta da 72ª Assembleia-Geral, Guterres também mencionou o Acordo Climático de Paris, o qual os Estados Unidos ameaçam se dissociar. “O Acordo de Paris deve ser cumprido já por todos os governos”, pediu, ressaltando que a mudança climática está entre os maiores desafios e ameaças para o mundo e chamando as emissões de poluentes de “suicidas”. Sobre a crise migratória, que afeta a Europa, o Oriente Médio e a África desde 2015 devido às guerras e conflitos internos, Guterres afirmou que “todo país tem o direito de controlar as fronteiras, mas deve fazer isso protegendo os direitos das pessoas em trânsito”. “Imigração deve ser uma opção, não uma necessidade”, afirmou.   

“Por experiência pessoal, eu sei que muitos preferem ficar nos lares de seus países que imigrar. A mobilidade humana não é uma ameaça”, disse. (ANSA)