O presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), defendeu a permanência do seu partido no governo e avisou que “o apoio à agenda de reformas independe da manutenção dos ministros” nos seus cargos. “Isso não altera um voto do PSDB”, avisou. As declarações de Aécio foram dadas no Palácio do Planalto, após audiência com o presidente Michel Temer. Aécio reagiu ainda à pressão do Centrão que cobra cargos atualmente ocupados pelos tucanos, apesar de metade do partido ter sido a favor da tentativa de afastar Temer do Planalto, avisando que “os cargos não são do PSDB, mas do presidente”.

Sobre o aceno que o presidente fez ao prefeito de São Paulo, João Doria, irritando parte dos integrantes do PSDB ligados ao governador Geraldo Alckmin, Aécio minimizou dizendo que, “sempre que acena aos tucanos o presidente acena a um partido essencial à governabilidade do País”, justificando que o apoio e a lealdade do partido ao governo “se dá por uma agenda de reformas e esta agenda está em curso, mesmo com obstáculos, tropeços e recuos”. E alfinetou os rebeldes do partido: “entre dividir o ônus para enfrentar essa agenda e a posição cômoda de lavar as mãos em relação a ela, eu fico com a primeira”.

Aécio, que lidera o grupo que quer permanecer ao lado de Temer, classificou como “um erro” marcar data para o desembarque do governo, como quer ala mais jovem do partido. “Isso sinaliza que nós não acreditamos no que estamos fazendo”, justificou ele, acrescentando que, “enquanto houver, por parte do governo a disposição demonstrada até aqui de avançar na construção dessa agenda, que sempre foi a agenda do PSDB e que estava no meu programa de governo na eleição de 2014, nós temos obrigação de sermos fiéis a ela e é mais adequado apoiar essa agenda”.

Depois de citar que o partido tem influenciado em decisões importantes, notadamente na área econômica, “eu não marcaria data para absolutamente nada”. E ironizou: “eu gostaria de ver marcada, no Congresso, é data para a votação da reforma da Previdência e da simplificação tributária, que são as duas grandes prioridades além da reforma política”.

Aécio insistiu em reagir à pressão dos aliados de Temer que pedem os cargos dos tucanos. O senador ressaltou que os cargos que o PSDB têm no governo pertencem ao presidente e reiterou que o titular do Palácio do Planalto “tem toda a liberdade” para utilizar os postos “da forma que achar melhor para o seu governo”.

Lembrou, no entanto, que Temer tem dito que é importante ter o PSDB no governo. “Nós não pedimos cargos”, afirmou Aécio lembrando que foi Temer que buscou “nomes qualificados” no PSDB. “Se eventualmente amanhã ele achar melhor ocupar esses cargos de outra forma, o PSDB continua tendo o mesmo compromisso com as reformas”, declarou Aécio, assegurando que “isso e não altera um voto do PSDB”. E reiterou: “o nosso apoio a essa agenda independe da permanência de ministros no governo”.