Uma adolescente brasileira de 16 anos foi barrada pela imigração no aeroporto de Detroit, nos Estados Unidos, e está há 15 dias retida em um abrigo para imigrantes em Chicago sem conseguir sair do país. De São Paulo, a jovem viajou desacompanhada, no dia 10 de agosto, com visto de turista, com destino a Orlando para visitar os tios, que moram na cidade.

A família diz que, após ter sido levada pelas autoridades americanas a um abrigo, a adolescente ficou incomunicável por três dias e o endereço do abrigo onde está é sigiloso. As autoridades americanas teriam pedido ainda a comprovação da paternidade da jovem. Nesta sexta-feira, 26, ela faz aniversário e terá somente uma hora para comemorar com a mãe.

Há dez dias, a mãe da jovem, viajou a Chicago para tentar resgatar a menina. Lá, as duas já se encontraram pessoalmente. Mas segundo o pai, os encontros são cheios de regras “para que ninguém conheça o local do abrigo”. As duas se encontram em um prédio diferente do abrigo e, além disso, chegam e saem em horários diferentes. “É isso que nos deixa perplexos e amargurados: não saber onde ela está, não ter nenhum tipo de informação”, disse Ferreira. Segundo o pai, no local onde está retida, Anna tem direito a duas ligações semanais de 10 minutos e a um encontro por semana com a mãe, de uma hora.

A garota saiu de São Paulo por volta das 21 horas do dia 10 de agosto com destino a Orlando. Ela desceu no aeroporto de Detroit, em Michigan, onde faria uma conexão, mas foi barrada pelas autoridades americanas e, no mesmo dia, encaminhada para um abrigo em outra cidade, Chicago, em Illinois. De acordo com o pai, quando ainda estava comunicável a filha relatou ter esperado aproximadamente 10 horas no aeroporto. Ela conta que teria sido encaminhada ao abrigo sob alegação de estar desacompanhada. O pai contesta: “Por ser menor, ela tinha toda a documentação.

Preenchemos um formulário da Polícia Federal, fomos ao cartório reconhecer firma. Fizemos tudo o que a lei brasileira nos pedia para fazer”.

O pai conversou por telefone com a jovem neste domingo, 21, e diz que ela só chora e pede para ser tirada logo do abrigo. “Ela faz várias atividades o dia todo, está dando apoio a brasileiros que não falam inglês. Mas ela só chora porque quer sair logo de lá”, afirma. Os pais contrataram uma advogada em Chicago e estão esperançosos de que Anna seja liberada na próxima semana.

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Esta foi a primeira vez que ela viajou desacompanhada aos Estados Unidos. Mas a família já foi a Orlando várias vezes para visitar os parentes. Agora, o pai diz que não pretende nunca mais voltar ao país. “Queremos a saída imediata. Ela não tem nada que desabone. Não tem motivo para que eles a mantenham retida. Estamos dispostos a cancelar o visto e nunca mais pisar nos Estados Unidos de novo. Aquele país não tem mais graça para nós, nada mais nos atrai”, diz. “A deportação voluntária, pelo que nos informaram, é o meio mais rápido para a pessoa sair do país. Já pedimos que a nossa advogada proceda nesse sentido”.

De acordo com a pedagoga aposentada Márcia Nosé, de 59 anos, amiga da família há 15 anos, a família está muito abalada. Márcia diz que a adolescente não fez nada de errado. “É uma menina bem centrada, não portava drogas e não estava indo se prostituir”, afirma. “O consulado brasileiro disse que não pode fazer nada com as leis americanas, infelizmente. Está só dando apoio”.

O Itamaraty foi comunicado do caso no dia 15 e disse que acionou o Consulado-Geral do Brasil em Chicago. Em nota, o órgão explicou que o Consulado brasileiro entrou em contato com as autoridades locais e agendou visita à jovem para o dia seguinte, no dia 16. “Desde então, o Consulado brasileiro tem mantido contato permanente com os pais da menor e com as autoridades locais, com vistas a assegurar o devido processo do caso. O Consulado solicitou às autoridades urgência na análise do caso e no agendamento da audiência que decidirá sobre o retorno da menor para o Brasil”.

Questionado, o Itamaraty não confirmou se a jovem tinha autorização da Polícia Federal para viajar desacompanhada. Também não informou quais são as justificativas das autoridades locais para a retenção da jovem e qual é a data da audiência que decidirá sobre o retorno dela ao Brasil.


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