Cultura/Música  2009

O talento de Michael Jackson era indiscutível. Desde a infância, quando mostrava afinação, gingado e carisma ao lado dos irmãos no grupo Jackson Five, até a criação do passo Moonwalker e das coreografias icônicas de “Thriller” e “Beat it”, ninguém mereceu mais do que ele o título de “Rei do Pop”. Assim como sua voz e sua dança, chamava a atenção sua personalidade atormentada. Era difícil ficar indiferente às esquisitices do astro. Ele foi acusado de abuso de crianças, teve casamentos pouco ortodoxos e mantinha hábitos excêntricos no rancho Neverland, com zoológico e parque de diversões particulares.

Aos poucos, as estranhezas foram superando o talento. Estressado com a turnê “This is it”, que o colocaria de volta aos palcos, o cantor exigiu dos produtores um médico que o acompanhasse permanentemente e, sobretudo, o fizesse dormir. Na noite do dia 25 de junho de 2009, o cardiologista Conrad Murray aplicou uma injeção com uma combinação de diferentes drogas contra insônia. Duas horas depois da administração dos medicamentos, Michael Jackson teve uma parada cardíaca que causou sua morte. Ele tinha 50 anos de idade.

Luta contra a falência

O mundo inteiro ficou perplexo. Inconformada com sua morte, a família de Jackson tentou conseguir na Justiça uma indenização, culpando a produção do show “This is it” pela contratação do médico. Perdeu, mas lucrou com a tragédia. À época de sua morte, Michael Jackson lutava contra a falência, apesar de deter os recordes de vendas de músicas, com 1,5 bilhão de gravações comercializadas e o de álbum mais vendido, com os 100 milhões de cópias de “Thriller”, além de 785 prêmios. Cinco anos após sua morte, a Michael Jackson Estate, que administra os bens do cantor, havia faturado US$ 700 milhões — e as dívidas haviam sido equalizadas. Murray foi condenado por homicídio culposo em 2011. Cumpriu apenas dois dos quatro anos de prisão a que foi sentenciado, sendo solto por bom comportamento.

“Michael Jackson foi o maior ídolo pop que já existiu por conta de sua originalidade, ousadia e voz perfeita”, diz Diogo Breguete, 24 anos, da banda carioca Dream Team do Passinho. “Ele influenciou e influenciará muitas gerações.” Breguete venceu uma disputa de passos na Mangueira antes de formar a banda Dream Team, que inclui passos de Michael Jackson em suas coreografias. Hoje, é artista da Sony Music e tem clipes com 16 milhões de visualizações na internet.

Com a morte de Michael Jackson, o debate sobre o uso abusivo de drogas ganhou nova força. Divulgado seis meses após a morte do cantor, um relatório do Departamento Internacional de Controle de Narcóticos, órgão ligado à ONU, mostrou que 2% da população americana (6,2 milhões de pessoas) é dependentes de remédios. Pela facilidade de aquisição, o uso de medicamentos é maior que o de drogas ilícitas, como a maconha.

“Michael Jackson foi o maior ídolo pop que já existiu por conta de sua originalidade, ousadia e voz perfeita. Ele influenciou e influenciará muitas gerações” Diogo Breguete, 24 anos, da banda Dream Team do Passinho
“Michael Jackson foi o maior ídolo pop que já existiu por conta de sua originalidade, ousadia e voz perfeita. Ele influenciou e influenciará muitas gerações” Diogo Breguete, 24 anos, da banda Dream Team do Passinho