PROTESTOS O ano de 2016 foi marcado por ondas de manifestações em todo País
PROTESTOS O ano de 2016 foi marcado por ondas de manifestações em todo País (Crédito:fotos: Wilson Dias/Agência Brasil; Valter Campanato/Agência Brasil)

Ninguém pode afirmar que 2017 será pior do que este que agora termina. Também é preciso ter bolas para apostar na hipótese contrária. Na ausência de certezas, cabe lembrar que a favor de dias melhores pesa um fato cronológico: a partir de 1º de janeiro começa a contagem regressiva para 2018, quando eleições gerais poderão aplicar à realidade o santo remédio que só o voto representa nas democracias. Ainda que nossa experiência seja dolorosa nesse campo, como prova o lixo majoritário que historicamente surge das urnas, algum avanço haverá de brotar do interesse dos brasileiros pela política, num País onde todo o mal sempre foi atribuído à “alienação do povo, focado apenas em futebol e carnaval”.

O ano que vem também justifica alguma esperança por conta do avanço da luta contra a corrupção. Até aqui, as operações em curso, com destaque para a Lava Jato, produziram gigantesco impacto, capaz de mudar o amanhã; mas pode-se dizer que a efetividade dos processos, em parte por sua própria dinâmica, ainda está devendo.

A prisão de empresários, executivos e políticos, bem como a recuperação bilionária de ativos e a exposição do lamaçal partidário, estão muito além do que jamais imaginamos. Mas os tubarões mais graúdos continuam soltos, ricos e poderosos. Pelo andar da carruagem, a lei deverá alcançá-los no curso de 2017, levando a faxina ao núcleo do mal.

Para reforçar essa possibilidade, na quarta-feira 21 surgiu a melhor notícia do Natal: o Departamento de Justiça dos EUA divulgou suas investigações sobre as operações criminosas da Odebrecht no mundo. Além de revelar que a empreiteira distribuiu R$ 3,4 bilhões em propinas, os promotores garimparam três preciosidades: duas offshores nas Ilhas Virgens Britânicas e uma em Belize, criadas para distribuir subornos em 12 países. A documentação prova pagamentos a 14 figurões brasileiros, devidamente identificados. A ladainha de que os investigados são vítimas de perseguição, conspiração política ou linchamento moral vai virar pó quando a papelada vier ao sol.

Nada mal para o ano que chega.

TST
De goleada

95Na segunda-feira 19, em Brasília, por 9 a 2, o órgão especial do Tribunal Superior do Trabalho anulou ato do presidente Yves Gandra Martins, que pediu à Câmara dos Deputados para suspender a tramitação de 32 projetos de lei de interesse da Justiça Trabalho, sem consultar ninguém. Antes de sair da sessão onde o caso foi discutido Gandra aliviou a barra, informando aos ministros que foi restabelecido o orçamento da Justiça do Trabalho para 2017– cerca de R$ 20 bilhões, nível aproximado de 2015.

ELEIÇÕES
OAS apoiou

Análises nas prestações de contas de candidatos às eleições de 2014 seguem na Justiça Eleitoral. A ex-ministra do STJ, Eliana Calmon, está sendo investigada por ter recebido doação de R$ 250 mil da OAS, nas eleições de 2014; quando ela disputou e perdeu vaga ao Senado pelo PSD pela Bahia. Financiamento curioso, já que a ex-corregedora Nacional de Justiça sempre foi crítica ferrenha das construtoras – “os empreiteiros são mandados pelos políticos e pelos grandes executivos das estatais”.

PODER
No Planalto

96Eliseu Padilha (foto) aproveitará o período de festas para descansar. Sua família até gostaria que deixasse a função, mas ele não quer. Iniciará 2017 disposto a viajar menos, atitude básica para quem sofre com freqüência de tonturas e pressão alta. Terá ainda que dar explicações na Lava Jato, depois da delação de Claudio Melo. Quando Padilha emite sinais de fadiga, no Planalto comentam Pedro Parente para o seu lugar. Aliás, o presidente da Petrobras já ocupou a função no passado.


BRASIL

Deu em nada

Não teve ilegalidade na primeira campanha publicitária do governo do presidente, Michel Temer, cujo slogan era: “Vamos tirar o Brasil do vermelho e voltar a crescer”. Foi o que decidiu a 10ª Vara Federal de Porto Alegre, reconhecendo que as peças não fizeram promoção pessoal de autoridades públicas “e ninguém pode ter-se como proprietário de uma cor”. A AGU colhe assim uma segunda vitória na defesa dos anúncios, derrotando o PT, já que processo similar foi derrotado na 16ª Vara Federal do Distrito Federal.

TERRORISMO
Lugar de brazucas

A Breitscheidplatz em Berlim, onde estava instalada a feira natalina que foi alvo do ataque de facção radical do Estado Islâmico, na segunda-feira 19, é um exemplo da proximidade entre alemães e brasileiros. Muitas barraquinhas são decoradas com as cores do nosso País e uma bandeira nacional gigante completa a decoração do lugar. Ali os brasileiros se reuniam para tomar caipirinha com salsicha e ver os jogos do Brasil na Copa de 2006.

VERÃO
Vem com tudo

Com a garantia das autoridades de que continuarão altas a transmissão da dengue, zika e chikungunya no verão, as vendas de inseticidas e repelentes baterão recordes. De dezembro/15 a março já foi ótimo para as indústrias: 9,7 milhões de unidades negociadas e R$ 142 milhões de receita. Agora, os estados que tiveram recentemente forte transmissão do zika terão maior incidência de dengue e chikungunya; onde houve muita chikungunya em 2016 haverá mais dengue e zika em 2017.

INFRAESTRUTURA
Será vingança?

Pouco antes do recesso, em reunião da bancada do Nordeste na Câmara dos Deputados para defender a retomada imediata das obras da Ferrovia Transnordestina, o único parlamentar que criticou a obra foi o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB/CE). Causou mal-estar entre seus pares. Em 2014, ele teve pedido de financiamento de campanha negado pela controladora da obra, a CSN.

RELIGIÃO
Nas alturas

93A produção de 150 milhões de Bíblias e Novos Testamentos acaba de ser alcançada, segundo a Sociedade Bíblica do Brasil. Somos quem mais distribui hoje as Escritas Sagradas no mundo, com exportações para mais de cem países das Américas, África, Ásia e Europa Em 21 anos foram feitas publicações em diferentes formatos e linguagens, para pessoas com deficiência visual e auditiva, crianças, jovens e adultos.

 

 

PRESOS
Fora de foco

98Outra vez o Indulto de Natal chegará tarde. Culpa da Presidência da República e do Ministério da Justiça. A demora impediu que detentos com os requisitos para usufruir o benefício estivessem fora do sistema para as festas de final de ano. Assim, cadeias continuaram superlotadas, sem esquecer que o escasso dinheiro público alimentasse quem deveria estar em liberdade.