Após um crescimento das importações de itens de vestuário e confecções em março, a indústria têxtil brasileira está revendo suas projeções. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) prevê que pode crescer ao menos 20% a entrada no Brasil de peças produzidas no exterior este ano ante 2016.

O volume de peças de vestuário importadas no Brasil aumentou 45% em março deste ano na comparação com o mesmo mês do ano anterior, chegando a 12,8 mil toneladas, de acordo com os dados da Abit. O número contempla roupas prontas e não considera outros produtos têxteis como fios e tecidos.

A elevação nas importações surpreendeu os fabricantes nacionais, segundo o presidente da Abit, Fernando Pimentel. Ele atribui o aumento ao cenário de câmbio. O patamar atual de dólar, abaixo dos R$ 3,20, não era esperado pelo setor ao elaborar as projeções para 2017. Ao final do ano passado, a Abit previa que as importações subiriam cerca de 10% este ano e, agora, dobrou sua projeção.

As importações de vestuário caíram fortemente em 2016 em meio a um processo de retração na demanda doméstica e de substituição de importados após a depreciação do real. Em todo o ano de 2016, as importações foram 43,7% menores em volume do que no ano anterior.

Março é tipicamente um mês de pico nas importações porque representa a chegada de coleções de inverno, as quais tradicionalmente têm mais componentes importados que as de verão. O temor dos produtores nacionais, porém, diz Pimentel, é de que os resultados desse mês representem uma tendência do que pode ocorrer pela frente.

“A importação nos atinge no início de um processo de retomada da nossa produção, uma vez que ainda há uma expectativa de leve crescimento este ano”, comentou Pimentel. “Esse primeiro movimento mostra com clareza uma tendência que havíamos previsto de forma mais conservadora”, conclui.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

O setor tem a expectativa de crescimento de 1% no volume de peças produzidas nacionalmente em 2017 na comparação com o ano passado. Segundo Pimentel, os resultados em janeiro e fevereiro foram positivos para a indústria, mas ele avalia que o crescimento tende a ser mais difícil pela frente.

A Abit acredita ainda que suas projeções para o ano podem ser afetadas pelo impacto da reoneração da mão de obra. A entidade é uma das representantes de setores industriais de mão de obra intensiva que estão se unindo para cobrar do governo a continuidade da desoneração da folha de pagamento, após o anúncio de que o beneficio será retirado como parte das medidas anunciadas para cobrir o rombo das contas públicas.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias