Os sorrisos do marqueteiro do PT João Santana e de sua mulher e sócia, Mônica Moura, na segunda-feira 1º, podem indicar  que o casal preso desde fevereiro, na 23ª fase da Lava Jato, não se abalou com a temporada na prisão. E ganharam a liberdade com o pagamento da fiança recorde de R$ 30 milhões. Nos meses de cadeia, eles admitiram o recebimento de US$ 4,5 milhões de caixa 2 na campanha de Dilma, em 2010, que mentiram nos interrogatórios e negociam delação. Seguem réus por corrupção e lavagem de dinheiro. Embora o aspecto simbólico da fiança fixada pelo juiz Moro seja inquestionável é bom que os brasileiros comecem a se deparar com punições dessa robustez. A corrupção no Brasil correu solta ao longo da história, sem haver punição rigorosa. Foi um maná para políticos, donos de empreiteiras e lobistas. Contudo, importante frisar que Mônica e João Santana foram soltos provisoriamente. Podem inclusive serem multados em valor maior que a fiança e perder patrimônio. O que receberam foi só um alívio diante da primeira confissão – que lhes permite tomarem café e almoçar com a família.

Espera-se que o casal, após os sorrisos, adquira a consciência de que se meteram numa fria. O valor arbitrado por Moro já não estava na conta bancária deles. Foi confiscado. Mas vale frisar que a decisão servirá de parâmetro para outros casos, dentro e fora da Lava Jato. “Atenção corruptos, a coisa começa a complicar para vocês!!” Mônica e Santana, assim como tantos outros, estão sentindo na pele a perda da liberdade, de redução do patrimônio e da reputação. Não serão contratados para fazer a campanha nessas eleições e em outras é razoável imaginar que também, não. O casal corrupto perdeu o ganha-pão. Qual político aqui ou no exterior deseja ter a sua imagem associada aos dois? Nem o PT, o grande cliente. Então, que fique um recado bem claro para quem está sendo processado – ou como muitos políticos ainda será – que o Brasil a partir da Lava Jato, e com a Lava Jato, não dará pódio para os ladrões. Pelo contrário, talvez seja preciso construir mais penitenciárias. E rápido.

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Espaço aéreo
Sem privilégio
Caiu por terra o mandado de segurança impetrado pela Confederação de Voo Livre do Brasil contra a restrição no espaço aéreo do Rio para a segurança dos Jogos Olímpicos, Em vigor de 24 de julho a 22 de agosto, a medida não sofreu críticas de empresas aéreas. Porém, teve resistência dos donos de parapentes e asas deltas, que queriam faturar com vôos panorâmicos nos dias dos Jogo. O desembargador Ricardo Perlingeiro, do TRF da 2ª Região, acolheu os argumentos da AGU.

Eleições
Páreo duro
Temer terá de decidir qual advogado nomeia para juiz do Tribunal Regional Eleitoral de SP. O TSE já examina os requisitos dos candidatos. O criminalista Alberto Toron (foto), que tenta a reeleição, pode não ter a benção do Planalto por ter participado de ato contra o impeachment. O presidente do Tribunal de Ética da OAB-SP, Fernando de Salles Freire, também quer a vaga. Já Marcelo Vieira, outro na lista, tem que provar atuação em 50 processos nos últimos anos.

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Brasil
Patrão feliz
Em que pese o vai e vem em relação ao projeto de renegociação das dívidas estaduais com a União, Michel Temer (foto) tem dito a interlocutores que a sua equipe econômica é digna de medalha olímpica. Apesar de não ser fã de esportes. A cada pesquisa que aponta melhoria no ânimo dos brasileiros, ainda que pequena, o presidente sorri. E espera que as sucessivas derrotas do Governo no Congresso terminem quando Dilma Rousseff for de vez afastada da presidência. Acorda Michel! O Brasil não vai mudar do dia 29 para o dia 30 de agosto, como num passe de mágica. É preciso sair do campo das promessas para a ação.

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Economia
A missão
Envolvido até o pescoço com o saneamento da estatal, Pedro Parente declarou na semana passada que a Petrobrás precisa de estabilidade para empreender seus negócios. Referia-se à crise da Lava Jato, que chamou de horroroso espetáculo da corrupção. A par das ações do juiz Sérgio Moro, a empresa luta para recuperar na Justiça o que perdeu com a corrupção praticada por ex-funcionários.

Política
Frustração monstruosa
As reclamações contra a Vila Olímpica e a organização dos Jogos, comandada por Carlos Arthur Nuzman (foto), aumentaram no Rio de Janeiro. Chefes de delegações e atletas estão aborrecidos por não acharem muitos “Pokémons” na área. O jogo fenômeno para smartphones foi lançado em 6 de julho no exterior e estreou no Brasil, oficialmente, na quarta-feira 3. O neozelandês Eric Murray, que vai disputar provas de remo, em seu Instagram chegou a suplicar que trouxessem ginásios de Pokémon para a Vila.

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Rio de Janeiro
Outra realidade
Quando no comando do Ministério do Trabalho, Francisco Dornelles tinha o hábito de visitar com freqüência municípios do Estado do Rio nos finais de semana. “Não quero ouvir queixas de que fiquei esnobe depois de virar ministro” repetia. Desde março governador em exercício do Estado do Rio, ele abdicou das viagens ao interior. Ninguém é popular sendo gestor de um estado em crise permanente.

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Esportes
Vai à luta
Não apenas as campanhas municipais deslancharão após as Olimpíadas. Número um da Confederação de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, está prestes a confirmar candidatura à presidência do COB. A eleição deverá ocorrer no final do ano e Carlos Arthur Nuzman já disse querer um novo mandato. O estatuto da entidade exigiu que eventuais chapas fossem integralmente apresentadas até 30 de abril. Alaor entrou com ação na Justiça alegando que a antecedência de 6 meses inibia o surgimento de concorrentes. Obteve liminar na Justiça para o prazo de 30 dias e, enquanto aguarda a análise do mérito do processo, corre atrás dos indispensáveis votos.

Câmara municipal
Nobre candidato
Eleições em São Paulo produzem fenômenos. Tiririca é um caso exemplar, com mais de 1 milhão de votos em 2010 e 2014. Outra surpresa pode estar a caminho. Chiquinho Scarpa (foto) vai concorrer a uma vaga na Câmara dos Vereadores, pelo PRP de Celso Russomanno, até aqui o candidato líder nas pesquisas. Se vai vencer ou não é outra história. Famoso por ser perdulário, o conde avisa que não vai gastar R$1 na campanha. Pretende vencer com doações de amigos – e sua habitual lábia.

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