A elegância apurada de duas de longa tradição – Lanvin e Rochas – brilhou nessa quarta-feira (28) nas passarelas de Paris através de suas coleções primavera-verão 2017.

Lanvin faz parte do grupo de três grandes marcas parisienses que estrearam novo estilista nessa semana. Saint Laurent estreou na véspera com o belga Anthony Vaccarello, e a Dior vai estreiar na sexta-feira (30) com a italiana Maria Grazia Chiuri, recém-chegada à Valentino.

Lanvin estreia estilista

A francesa Bouchra Jarrar, nomeada para dirigir a Lanvin após a tumultuada saída de Alber Elbaz, abriu hoje uma nova página na história da com uma coleção que exaltou os códigos de sobriedade da marca.

Fundada por Jeanne Lanvin em 1889, a marca é a mais antiga em atividade na França.

A coleção de Jarrar era particularmente esperada desde o decepcionante desfile da temporada passada, criado pelo ateliê Lanvin.

Sua coleção conseguiu o equilíbrio entre masculino e feminino. Brincou com contrastes, com pijamas de listras e sapatos baixos, e casacos, mas também teve delicados ternos com transparências, de renda e organza, com flores bordadas.

“Odeio o estresse”, disse a estilista no final do desfile.

“Sou mais alguém que antecipa as coisas, ainda que isso não impeça que tenha dias muito densos!”, acrescentou.

“Para mim, o que importava era trazer luz, era uma obsessão para todas as opções em materiais, nas proporções, nas silhuetas. O brilho coabita com o mate, o opaco com o transparente e a renda”, diz a estilista.

Antes de fundar sua própria marca em 2010, Bouchra Jarrar foi diretora da Balenciaga junto com Nicolas Ghesquière e, depois, trabalhou na Lacroix.

Rochas e o choque de cores

Para o próximo verão, o napolitano Alessandro dell’Acqua traz uma opção apurada na hora de compor silhuetas com peças que combinam dois, ou no máximo três, cores primárias: azul e amarelo, verde e laranja, amarelo e verde.

São simples, de elegância atemporal, que segundo o estilista napolitano correspondem fielmente ao DNA da marca.

Sobrevoa uma atmosfera anos 1940 sem chegar à nostalgia. É como se uma “teddy girl” – menina rebelde – usasse roupas de marcas famosas encontradas no armário da família.

“É uma coleção muito Rochas, muito do arquivo Rochas – diz dell’Acqua – mas utilizada de uma forma contemporânea”.

Transparências de tule, organza e renda fazem a variação nesse clima de delicadeza, em uma visão do que não deixa nada a dever à Alta-Costura.

“Para mim, o importante era a cor, a leveza, elegante, mas com uma atitude muito enérgica”, afirmou Dell’Acqua.

“Queria que as cores chocassem, entre sapato, vestido e lingerie”. Uma coleção, insiste, que presta “menos atenção ao detalhe decorativo e mais à cor”.

Um protagonismo cromático que evoca as capas emblemáticas da Vogue americana nos anos 1950 com fotografias de Erwin Blumenfeld.