Jesus Cristo foi casado com Maria Madalena e teve uma filha. A prova está no quadro A última ceia, de Leonardo da Vinci, no qual o apóstolo sentado ao lado direito de Cristo não é João, mas a esposa de Cristo. Da Vinci sabia do fato ocultado pela Igreja Católica porque integrava a sociedade secreta Priorado de Sião, responsável por manter em sigilo aqueles que seriam os descendentes do filho de Deus. Essa é a teoria do romance O código Da Vinci, do escritor Dan Brown. Alçado à condição de best-seller em menos de um ano – foram 14 milhões de cópias vendidas no mundo –, o livro vitaminou o turismo no Museu do Louvre e em outros pontos de Paris, cidade em que se passa a maior parte da história.

No “roteiro Da Vinci”, guias de agências de viagens conduzem os leitores-turistas – a maioria dos EUA – a um passeio pelo Louvre, destacando os quadros citados por Brown. Segundo Hugo Fernandes, proprietário da Duga Tours, agência de viagens parisiense, houve um aumento significativo de turistas americanos na cidade. “Eles vêm só para olhar mais de perto a Monalisa e caminhar pelos mesmos corredores descritos no livro”, conta. Os visitantes também ficam de olho em outras obras, como A Virgem dos rochedos, citados no quebra-cabeça milenar “desvendado” pelo professor de simbologia Robert Langdon e pela criptógrafa Sophie Neveu, personagens centrais da trama de Brown. Parte do complô “denunciado” no blockbuster editorial envolve a pirâmide de vidro em frente ao museu no qual, segundo o romance, estariam enterrados os restos mortais de Maria Madalena ou o Santo Graal.

Os dirigentes da instituição não vêem com bons olhos o fato de um museu tão tradicional pegar carona em um fenômeno pop. “O Louvre não comenta obras ficcionais e não organiza trabalhos sobre isso”, informou a assessoria de imprensa do museu. Mas os passeios existem e custam caro. O roteiro monitorado custa de 50 a 1,2 mil euros, dependendo do número de pessoas no grupo. Quem também torce o nariz para esse tipo de turismo é o pároco da igreja de Saint-Sulpice, apontada por Brown como a antiga sede do Priorado de Sião. “O padre ficou irritado com o número de turistas que faziam perguntas e colocou uma placa enorme na frente da igreja dizendo que não fala sobre o assunto”, diz o estudante paulistano Alexandre Raith, que mora em Paris. Em Milão, muitos visitantes também procuram a igreja Santa Madre Delle Grazie só para ver a A última ceia, citada no livro.


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