Em tempos de altas taxas de desemprego, parece até sonho, mas em alguns segmentos do mercado de trabalho a escassez de vagas não existe. Pelo contrário, falta mão-de-obra. Profissões como comprador de moda, engenheiro de rede, executivo de direito no terceiro setor, gerente de operações hoteleiras e terapeuta corporal, entre outras, estão entre as novas e promissoras modalidades. De olho na demanda, muitas escolas estão criando cursos voltados para esses filões. Recorrer a um deles foi a solução para o terapeuta corporal paulista Luiz Roberto Sampaio, 30 anos. Ele, que havia tentado trabalhar como auditor contábil, revisor de textos e até como produtor de programas de rádios, seguiu a sugestão do pai, o psiquiatra Luís Carlos Sampaio, e buscou algo diferente. “Pesquisei e encontrei cursos em várias áreas, mas me interessei pela massagem. Foi a melhor coisa que fiz”, conta. Luiz Roberto estudou tui-na, uma técnica de massagem oriental, e hoje trabalha em uma clínica de acupuntura em São Paulo. “Agora faço um curso de quiropraxia para ampliar minha área de atendimento”, conta ele, referindo-se a um método de manipulação da coluna bastante procurado.

A nova profissão rende a Luiz Roberto um salário de R$ 1,5 mil e clientela garantida. Não é preciso ter formação universitária para ser massoterapeuta. “Basta ter concluído o ensino médio e ter pelo menos 18 anos para se matricular em nosso curso. São ensinadas técnicas de massagens orientais e ocidentais”, explica Armando Austregesilo, diretor das Escolas Associadas, um grupo formado por cinco instituições de São Paulo. O curso é autorizado pelo Ministério da Educação.

Há outros segmentos nos quais a carência de mão-de-obra também é grande. A paulista Vanessa Rinaldi, 23 anos, formou-se em administração de empresas em 2002 e trabalhou como assistente de importação de uma rede de lojas de varejo. A carreira ia bem, mas seu desejo era atuar como compradora de moda, uma área cada vez mais em evidência no mundo fashion. “Mesmo tendo uma graduação, precisava direcionar minha carreira para essa setor”, conta. No ano passado, ela ingressou no curso de comprador de moda oferecido pelo Senac/SP e, três meses depois, foi contratada como trainee em outra grande rede. A especialização escolhida por Vanessa é dirigida principalmente a pessoas que desenvolvem coleções de roupas e acessórios. “O comprador de moda deve manter a empresa informada sobre as tendências. É ele também o responsável pela negociação que envolve preço, compra e prazo de entrega de materiais”, explica Eduardo Costa, coordenador do curso. “Para essa função, as empresas buscam profissionais atualizados”, diz Vanessa. A dica, é claro, vale para qualquer profissão.