chamada.jpg
LIBERDADE
Espaços para a criança criar, como na PlayPen (SP), são fundamentais no ensino infantil

img4.jpg
TRADIÇÃO
Alunos na biblioteca do Colégio São Bento, no Rio, onde só meninos são aceitos

É nesta época do ano, quando as instituições abrem o processo de reservas de vagas, que milhares de pais partem em busca da primeira ou de uma nova escola para seus filhos. Além de debater questões práticas, como preço e localização, a família costuma mergulhar num mar de dúvidas e questionamentos, na ânsia de optar pela melhor. Esse costuma ser, para a maioria, um período de angústia e peregrinação, sempre acompanhado da pergunta: como fazer a escolha certa? Especialistas ouvidos por ISTOÉ explicam que, em vez de procurarem respostas nos colégios pretendidos, os pais devem voltar suas atenções para dentro de casa e observarem seus filhos. Prestarem atenção no temperamento deles, potenciais, afinidades e limitações. Além disso, precisam ter muito claro quais são seus próprios anseios. Há aqueles que sonham em ver o rebento nas melhores faculdades.

img.jpg
CULTIVO
Aula de horta no Colégio Equipe do Recife (PE). À dir. Andréa,
que matriculou os filhos na mesma escola em que estudou

Outros querem que eles sejam pequenos artistas, transbordando criatividade. Há, também, quem privilegie o estímulo ao senso crítico e à formação de pessoas capazes de mudar o mundo. E os que não abrem mão de valores religiosos, morais e éticos. Ao promoverem esse exercício, que de fácil não tem nada, o leque de opções se fecha e a via-crúcis de visitas aos colégios pode começar. Com um mantra ecoando nas cabeças materna e paterna: a escola ideal não existe.

O que há é a escola adequada para cada pessoa.
Ao longo desta reportagem, há uma sugestão de passo a passo com o que deve ser refletido antes de começar as andanças pelas escolas. Também elaboramos um providencial checklist do que avaliar na hora em que a família estiver visitando o colégio pretendido. Ele foi preparado a partir de consultas com uma série de psicopedagogos, pedagogos e psicólogos. Mas quem, ainda assim, ficar inseguro em fazer essa avaliação sozinho, já pode contar com profissionais para auxiliar nesta empreitada. “Nós ajudamos a definir o perfil da criança”, explica a psicopedagoga Maria Irene Maluf. “E levamos em conta os anseios e as expectativas do pai e da mãe.” São necessárias de oito a dez sessões, ao preço de R$ 130 em média cada uma, para que o especialista tenha condições de indicar as instituições mais adequadas para a criança e a família. Dessa combinação costumam surgir até cinco opções de escola, que devem ser visitadas. A presença do principal interessado, o candidato a aluno, pelo menos nas duas preferidas, é fundamental. “A partir dos 5 anos, a criança deve ser consultada na decisão final”, recomenda Maria Irene. “Quando ela faz parte do processo.”

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Na hora da escolha, é preciso colocar na balança questões práticas, como transporte e preço, e pedagógicas, tão importantes quanto, dependendo das prioridades da família. Mas o critério de desempate número 1 tem de ser o perfil do aluno. Matricular uma criança criativa e sonhadora em um colégio cuja obsessão é o vestibular porque os pais sonham em vê-la estudando numa faculdade pública pode ser arriscado. “Quando é o pai que quer e o filho não se adapta, a frustração do aluno é imensa e o caso pode ir parar numa psicóloga”, alerta a psicopedagoga Andréia Calçada.

img10.jpg
TECNOLOGIA
Um laptop para cada aluno ainda é diferencial nas escolas

O casal de comerciantes Letícia e Vicente Prisco teve de trocar o filho de escola para que Vítor Antonio, 15 anos, se sentisse confortável. Insatisfeito no colégio, o menino colecionava notas ruins. Na mudança, a família optou por uma instituição que até ficava um pouco distante de casa, mas estava completamente sintonizada com os anseios do casal e o perfil do garoto. “Queria uma escola boa, que fosse humana”, conta Letícia. “Não faço questão que ele seja o número 1 do colégio número 1 de São Paulo. Quero vê-lo feliz”, afirma. Após visitar vários colégios da zona sul de São Paulo, eles chegaram ao Magno, onde Vítor estuda desde o começo do ano, na nona série do ensino fundamental.

G_Escola.jpg

 

Para Letícia e Vicente, a distância não foi um problema, mas percorrer grandes trajetos pode ser um tormento para muitas famílias. Débora Paula Nardi Ferrari e o marido, Marco Antônio, também de São Paulo, pretendem colocar o filho Marcos Vinicius, 5 anos, num bom colégio perto de onde moram. “Desde o nosso namoro, a gente já falava em colocar nossos filhos no Sir Isaac Newton”, diz Débora. Os critérios são os mais variados na hora da definição. Tem pai que dá de ombros para perfil, anseio ou método pedagógico e quer apenas que seus herdeiros estudem onde eles se formaram. Andréa Rolim foi a primeira aluna a ser matriculada no Colégio Equipe, do Recife, quando ele foi inaugurado, em 1979. Hoje, seus filhos, Cecília, 5 anos, e Tiago, 3, estudam lá. “Antes de ter filhos eu já sabia que eles estudariam no Equipe.”

Para quem, ao contrário de Andréa, prefere sair em busca de alternativas, há escolas para todos os gostos, principalmente nas capitais e grandes cidades do País. Das tradicionais, como o Colégio São Bento, o número 1 no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do Rio de Janeiro, às mais alternativas ou liberais. O São Bento foi fundado em 1858 por monges beneditinos e, até hoje, só aceita meninos. Segundo a supervisora pedagógica da instituição, Maria Elisa Pedrosa, a grande maioria dos pais que quer colocar os filhos lá já chega para conhecer a escola com muitas referências. Mas também com algumas ideias preconcebidas. “O mais comum é acharem que nossos alunos são mini-monges”, conta. “Mas eles são bagunceiros como quaisquer outros.”

img9.jpg
QUALIDADE
Os bons colégios valorizam a formação dos professores, como Harley Sato, de física

É na hora da visita que Maria Elisa pode apresentar sua escola. Esse é um momento fundamental, tanto para o colégio quanto para as famílias, para eliminar preconceitos e esclarecer dúvidas. Segundo especialistas, os pais devem aproveitar muito bem esse espaço e não precisam ter vergonha de perguntar nada. Nem mesmo o salário dos professores. “Se um colégio cobra mensalidade de R$ 2 mil e paga aos professores um salário R$ 700, os pais devem desconfiar do comprometimento da escola com o ensino”, aconselha a psicopedagoga Maria Irene, que defende a importância de um professor bem preparado, atualizado e satisfeito como ferramenta primordial de promoção de conhecimento.

Parte 2


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias