Até o final deste ano, a Câmara Federal deve votar definitivamente dois dos assuntos mais polêmicos que tramitaram pela casa recentemente. Os deputados federais decidirão se vão liberar de uma vez por todas o plantio de transgênicos e se permitirão o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas e tratamentos para várias doenças, entre elas as que afetam o coração e o cérebro. Em relação aos transgênicos, a briga envolve, de um lado, os agricultores e, de outro, os ambientalistas. Quanto às células embrionárias, a resistência é manifestada principalmente por setores religiosos, que não aprovam o uso do material coletado de um embrião.

Na verdade, a luta pela liberação dos estudos e utilização terapêutica dessas células mobiliza o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o debate em torno da questão tornou-se um dos principais temas de discussão entre o presidente George W. Bush, candidato à reeleição, e John Kerry, seu concorrente. Além dos políticos, a polêmica fez entrar na briga de cientistas a artistas, como o ator Christopher Reeve, o eterno Super-Homem, falecido no domingo 10. Por aqui, há o Movimento em Prol da Vida, fundado por pesquisadores e familiares de portadores de doenças neuromusculares. Ele tem 12 mil associados, entre eles os cantores Marcelo Yuka e Herbert Vianna, os dois paraplégicos.

Para entender o que está por trás de tamanha mobilização é preciso ter claro o papel dessas células na medicina. E ele é importantíssimo. Não se fala aqui somente das células-tronco embrionárias, mas também das células-tronco encontradas na medula óssea e no cordão umbilical. Essas estruturas, como o nome sugere, são como um tronco de árvore a partir do qual nascem vários galhos. Geradas nos primeiros dias após a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, elas são especiais porque não têm especialização. São “virgens”, prontas para se transformar em qualquer célula do organismo. Podem ser empregadas como peças novinhas que se encaixam em diversos lugares do corpo para recuperar áreas danificadas. Basta estimulá-las a funcionar como a estrutura defeituosa.

Hoje no Brasil são permitidas experiências clínicas apenas com as células extraídas da medula óssea e do cordão umbilical. Seus resultados já dão uma mostra do potencial das células-tronco. Um dos mais animadores pode ser visto nas terapias para a recuperação do coração. A Fiocruz de Salvador, por exemplo, realizou na semana passada o 24º transplante de células-tronco em portadores do mal de Chagas, doença que fragiliza o órgão. São pessoas que mal teriam chances de sobreviver se não passassem pelo procedimento. A fundação chegará a 30 pacientes até dezembro. E em 2005 iniciará mais uma fase da pesquisa cuja meta é atender 300 indivíduos.

Paralisia – Mas há outra bela variedade de estudos. Para ter uma idéia, o Instituto do Milênio, entidade dedicada ao tema e criada com apoio do Ministério da Saúde, reúne cerca de 200 pesquisadores e 25 instituições nacionais. Em um deles, há cerca de um mês, foi feito um implante de células-tronco para tratar um paciente vítima de acidente vascular cerebral. Como o procedimento é muito recente, os pesquisadores envolvidos não querem dar detalhes por enquanto.

Outra instituição que tem se destacado é a Universidade de São Paulo (USP). Em um ano, 30 pacientes paraplégicos e tetraplégicos foram tratados com implantes de células-tronco no local das lesões que os impossibilitam de andar. Ainda que os progressos sejam graduais, os especialistas e os voluntários celebram os resultados. “Na maioria dos pacientes voltou a ocorrer a transmissão de estímulos nervosos da parte lesada até o cérebro”, afirma o ortopedista Tarcísio Barros, chefe da pesquisa. De fato. A publicitária paulista Mara Gabrilli, 37 anos, tetraplégica desde 1994, às vezes se surpreende com o aumento de sensibilidade. Após se submeter ao procedimento, em julho de 2003, conseguiu fazer exercícios para braços e pernas, impossíveis de serem executados antes.

Até o final deste ano, a Câmara Federal deve votar definitivamente dois dos assuntos mais polêmicos que tramitaram pela casa recentemente. Os deputados federais decidirão se vão liberar de uma vez por todas o plantio de transgênicos e se permitirão o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas e tratamentos para várias doenças, entre elas as que afetam o coração e o cérebro. Em relação aos transgênicos, a briga envolve, de um lado, os agricultores e, de outro, os ambientalistas. Quanto às células embrionárias, a resistência é manifestada principalmente por setores religiosos, que não aprovam o uso do material coletado de um embrião.

Na verdade, a luta pela liberação dos estudos e utilização terapêutica dessas  células mobiliza o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o debate em torno  da questão tornou-se um dos principais temas de discussão entre o presidente George W. Bush, candidato à reeleição, e John Kerry, seu concorrente. Além dos políticos, a polêmica fez entrar na briga de cientistas a artistas, como o ator Christopher Reeve, o eterno Super-Homem, falecido no domingo 10. Por aqui, há o Movimento em Prol da Vida, fundado por pesquisadores e familiares de portadores de doenças neuromusculares. Ele tem 12 mil associados, entre eles os cantores Marcelo Yuka e Herbert Vianna, os dois paraplégicos.

Para entender o que está por trás de tamanha mobilização é preciso ter claro o papel dessas células na medicina. E ele é importantíssimo. Não se fala aqui somente das células-tronco embrionárias, mas também das células-tronco encontradas na medula óssea e no cordão umbilical. Essas estruturas, como o nome sugere, são como um tronco de árvore a partir do qual nascem vários galhos. Geradas nos primeiros dias após a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, elas são especiais porque não têm especialização. São “virgens”, prontas para se transformar em qualquer célula do organismo. Podem ser empregadas como peças novinhas que se encaixam em diversos lugares do corpo para recuperar áreas danificadas. Basta estimulá-las a funcionar como a estrutura defeituosa.

Hoje no Brasil são permitidas experiências clínicas apenas com as células extraídas da medula óssea e do cordão umbilical. Seus resultados já dão uma mostra do potencial das células-tronco. Um dos mais animadores pode ser visto nas terapias para a recuperação do coração. A Fiocruz de Salvador, por exemplo, realizou na semana passada o 24º transplante de células-tronco em portadores do mal de Chagas, doença que fragiliza o órgão. São pessoas que mal teriam chances de sobreviver se não passassem pelo procedimento. A fundação chegará a 30 pacientes até dezembro. E em 2005 iniciará mais uma fase da pesquisa cuja meta é atender 300 indivíduos.

Paralisia – Mas há outra bela variedade de estudos. Para ter uma idéia, o  Instituto do Milênio, entidade dedicada ao tema e criada com apoio do Ministério da Saúde, reúne cerca de 200 pesquisadores e 25 instituições nacionais. Em um deles, há cerca de um mês, foi feito um implante de células-tronco para tratar um paciente vítima de acidente vascular cerebral. Como o procedimento é muito recente, os pesquisadores envolvidos não querem dar detalhes por enquanto.

Outra instituição que tem se destacado é a Universidade de São Paulo (USP). Em um ano, 30 pacientes paraplégicos e tetraplégicos foram tratados com implantes de células-tronco no local das lesões que os impossibilitam de andar. Ainda que os progressos sejam graduais, os especialistas e os voluntários celebram os resultados. “Na maioria dos pacientes voltou a ocorrer a transmissão de estímulos nervosos da parte lesada até o cérebro”, afirma o ortopedista Tarcísio Barros, chefe da pesquisa. De fato. A publicitária paulista Mara Gabrilli, 37 anos, tetraplégica desde 1994, às vezes se surpreende com o aumento de sensibilidade. Após se submeter ao procedimento, em julho de 2003, conseguiu fazer exercícios para braços e pernas, impossíveis de serem executados antes.