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No PT, a reeleição de Berzoini a uma vaga na Câmara é dada como certa

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O corvo é um pássaro que exibe sinais de inteligência, vive em grupos com estruturas hierárquicas, mas na mitologia é visto como um animal que traz presságios ruins. Ao longo dessa campanha presidencial, o PT decidiu afastar dos holofotes um personagem que é tido dentro do partido também como um emissário de mau agouro, o ex-presidente da sigla e deputado Ricardo Berzoini. Envolto de uma forma ou de outra nos episódios mais obscuros do PT nos últimos anos, como o Mensalão e os Aloprados, Berzoini, que concorre à reeleição, agora é novamente suspeito de ser o protagonista em outro escândalo envolvendo novamente dossiês secretos. Dessa vez, a vítima seria o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desafeto de longa data do parlamentar petista. O caso tem ganhado cada vez mais atenção nos bastidores do partido e, na semana passada, chegou ao Congresso. O temor dos principais dirigentes petistas é de que as brigas internas entre Berzoini e Mantega respinguem nas campanhas de alguns dos principais caciques da legenda.

O mais recente dossiê do PT teria nascido da briga por cargos no governo e atingiu diretamente o ministro Mantega. São acusações de tráfico de influência contra a filha do ministro, Marina Mantega, que teria interferido na escolha do novo presidente da Previ, um fundo que tem um patrimônio de mais de R$ 150 bilhões. Berzoini negou seu envolvimento na produção do documento que passou a circular pelos labirintos políticos de Brasília. Ele disse que pediu investigação ao Banco do Brasil e ameaçou ir até o Ministério Público para esclarecer os fatos. Mas o papel do parlamentar petista no levantamento de informações é conhecido dentro do PT. Um dos membros da inteligência do partido contou à ISTOÉ que Berzoini ajuda a coordenar a “parte política do levantamento de dados” e a “repercussão que a documentação pode dar numa campanha”. Foi assim em 2006, quando Berzoini foi afastado da campanha do presidente Lula, após o escândalo dos “aloprados”, que reuniu documentos mostrando a ligação do então candidato ao governo de São Paulo, José Serra, com a chamada Máfia dos Sanguessugas. “Os dossiês são uma prática petista, alimentada pela impunidade. O Berzoini é uma das pessoas que estão no epicentro do modelo adotado pelo PT, de fazer uma série de dossiês”, ataca o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Além da produção de dossiês utilizando-se da estrutura de fundos de pensão e de estatais, Berzoini também é acusado de usar dinheiro da cooperativa do PT, a Bancoop, em suas campanhas. Em 2008, o funcionário da cooperativa Hélio Malheiro disse ao Ministério Público de São Paulo que suas contas bancárias foram usadas para desviar dinheiro da cooperativa para financiamento ilegal de campanhas do PT. Entre essas campanhas estava a de Berzoini. Apesar das preocupações de setores do partido com o escândalo que se avoluma, o deputado nunca foi repreendido pelos dirigentes do PT. Hoje, embora não faça parte da linha de frente da campanha de Dilma Rousseff à Presidência, Berzoini é considerado, dentro da sigla, um dos principais nomes do partido para voltar a conquistar uma cadeira de deputado federal. Berzoini foi procurado por ISTOÉ para comentar as acusações, mas não retornou.

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“Ele é uma das pessoas que estão no epicentro do
modelo adotado pelo PT de fazer dossiês”
Álvaro Dias, senador (PSDB-PR)