img2.jpg
HERÓI
Em sua mais recente luta, Anderson Silva apanhou
muito, mas virou o jogo no último assalto

Grande exportador de craques do futebol, o Brasil também é fornecedor de outro tipo de atleta, o lutador de artes marciais mistas (MMA, na sigla em inglês). Apesar de o esporte, mais conhecido como vale-tudo, incendiar paixões e mobilizar milhões de pessoas no Brasil, suas estrelas ainda são menos reluzentes que os esportistas da bola. Mas os fortões da MMA ainda chegam lá. Um que tem sangrado nos ringues para se tornar uma lenda é o curitibano Anderson Silva, que protagonizou no domingo 8 uma vitória épica no Ultimate Fighting Championship (UFC), nos Estados Unidos, manteve o cinturão dos médios e mostrou o potencial do esporte para mobilizar fãs. Logo após a partida, com público de 12.971 pessoas e que arrecadou US$ 1,56 milhão, o assunto estava entre os mais lidos nos sites de notícias e Anderson Silva era um dos nomes mais citados no Twitter. O interesse do público é um termômetro de quanto essa modalidade é capaz de mobilizar multidões. Desde 2002, o MMA é o único esporte, além do futebol, a ter um canal exclusivo no Brasil, o Combate – que hoje tem 75 mil telespectadores e registrou um crescimento de quase 50% no primeiro trimestre de 2010.

A luta, que até alguns anos atrás era chamada de vale-tudo por causa da falta de regras, se transformou num verdadeiro show de profissionalismo. O último Jungle Fight, o maior campeonato de MMA da América Latina, realizado em Natal no mês passado, atraiu público recorde no País, de 15 mil pessoas. Organizador do evento, Wallid Ismail, 42 anos, diz que a modalidade já é um grande negócio. Seu torneio, por exemplo, pode custar entre R$ 300 mil e R$ 600 mil. Mas os prêmios pagos no Brasil ainda são bem inferiores aos do circuito internacional. “Nos EUA, podem chegar a US$ 4 milhões por luta. No Brasil, variam de R$ 1 mil a R$ 100 mil”, diz Ismail.

img1.jpg

O UFC, principal campeonato de MMA, reúne, nos EUA, 150 atletas, dentre os quais 22 são brasileiros. A maioria dos lutadores ganha salário de mais de US$ 100 mil por ano. O paranaense Lyoto Machida, 32 anos, recebe cerca de US$ 200 mil por embate. O mineiro Glover Teixeira, 30, ganha menos, cerca de US$ 15 mil por luta, mas diz que esse valor ainda é melhor do que o pago por aqui. “No Brasil o patrocínio é muito ruim”, reclama ele.

Feras como Vitor Belfort e Maurício Shogun, além de Machida e Teixeira, acham que, para o MMA atrair ainda mais holofotes, é preciso que mais tevês de canais aberto incluam a luta na programação – como faz, atualmente, a Rede TV!. Oito vezes campeão do UFC, o carioca Belfort diz que a restrição de espaço afugenta grandes patrocinadores. E ainda tem o preconceito, segundo o baiano Rogério Minotouro. ‘Muitas empresas receiam ligar a marca a uma atividade considerada violenta.” O número expressivo de assinantes e os fãs incondicionais do esporte que lotam torneios, somados à emoção garantida nos embates, dão pistas de que a popularização desse tipo de arte marcial no País é irreversível.

img.jpg
FERA
O baiano Minotouro é um dos cinco melhores meio-pesados do mundo