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A FAVOR DO PLANETA
A rotina dos presos do Estado americano de Washington inclui o plantio de orgânicos

O custo de manter milhares de criminosos presos não é alto apenas para os cofres públicos, mas também para o ambiente. No Brasil, cada encarcerado custa em média R$ 1,2 mil por mês aos contribuintes. Embora o preço para o planeta ainda não tenha sido calculado, é de se imaginar que os gastos com eletricidade, água e alimentação, além da emissão de carbono, gerem um impacto ambiental tremendo. Segundo dados recentes do Departamento Penitenciário Nacional, a população carcerária do País é de 473.626 pessoas. Enquanto por aqui começam os primeiros movimentos para reduzir essa grande despesa econômica e ambiental, nos EUA e em outros países as prisões “verdes” são uma realidade.

O Estado americano de Washington deu um importante passo nesse sentido em 2002. O governador à época, Gary Locke, determinou que as prisões deveriam aumentar a economia de energia e água, limitar a produção de lixo, aumentar a reciclagem e, por fim, só construir novos presídios de acordo com práticas sustentáveis. Além disso, graças a um acordo com a faculdade estadual Evergreen, os presos de Washington têm cursos profissionalizantes para realizar empreendimentos sustentáveis, fazem compostagem de lixo e ainda colaboram em projetos científicos, como o de repovoação de áreas naturais com espécies ameaçadas.

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TRABALHO VERDE
Os cortadores de grama do presídio Monroe, nos EUA,
são manuais e não cospem CO2 na atmosfera terrestre

Outros países, como Noruega e Eslováquia, também possuem presídios que se aproximam desse modelo, mas nos EUA as práticas estão se tornando sistemáticas. Em 2005, por exemplo, a cidade de Butner, na Carolina do Norte, inaugurou o primeiro edifício com a certificação Leed, uma das mais importantes tratando-se de construções com baixo impacto ambiental. As autoridades garantem que todos os novos presídios federais serão certificados. Só no Estado de Washington já são mais de 30.

O Brasil apenas engatinha nesse processo. Em julho, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul firmou com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural um convênio para a capacitação de presos do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira. O projeto, chamado Vida Nova, vai proporcionar o cultivo de uma horta orgânica dentro do presídio, com mão de obra dos internos. De tudo que for produzido, 80% serão comercializados e a renda será revertida em remuneração dos cerca de 100 presos que trabalharão na horta.

Os americanos dizem que o objetivo não é apenas reduzir os custos, embora esse seja um fator de peso. “Não queremos apenas economizar dinheiro do contribuinte e recursos naturais, mas também ajudar os criminosos a reconstruir suas vidas – o que é bom para todos”, diz um comunicado oficial do departamento prisional de Washington. Se o objetivo é que não haja reincidência de atos criminosos, que se incluam entre esses os crimes ambientais.

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