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DISFARCE
Borges como Jacques Leclair: ele se faz de gay para conquistar as mulheres

O estilista Jacques Leclair gosta tanto de mulher que até finge ser gay para não gerar desconfiança nos maridos das clientes de seu ateliê. A caricatura, contudo, é tão forte que ele permanece com os trejeitos efeminados mesmo quando está sozinho com a sua amante. Um desafiante lencinho sempre enfeitando o pescoço, os cabelos mais compridos do que se aprecia atualmente e um anel no dedo mindinho são marcas de seu visual. Ao interpretar com a dose certa de humor esse ambíguo personagem da novela da Rede Globo “Ti-ti-ti”, o ator Alexandre Borges está ajudando a emissora a recuperar a audiência do horário das sete. Assinada por Maria Adelaide Amaral, a refilmagem desse sucesso de 1985, de Cassiano Gabus Mendes, registrou 31 pontos de média na semana passada – seis a mais do que a média geral do folhetim anterior, “Tempos Modernos”, dono dos piores índices da década. Borges é o carro-chefe desse sucesso e não fica devendo nada ao Leclair de Reginaldo Faria, da primeira versão. Ambos conseguiram se transmutar no costureiro meio cafona e sonhador, cada qual de acordo com sua época. Borges, 44 anos, estava começando a carreira artística quando Faria jogava plumas na antiga “Ti-Ti-Ti”. Ele preferiu nem rever a atuação do colega para não se influenciar: “É um personagem muito divertido, tem todo um estilo barroco. É um pai de família, mas é afetado, cheio de ambição e de sonhos.”

“O meu personagem é muito divertido.
Tem um estilo over. É um pai de família, mas é afetado, cheio de ambição”
Alexandre Borges

O protagonismo de Borges é dividido com Murilo Benício, que encarna seu “inimigo de infância”, Ariclenes Martins.
Os rivais são igualmente toscos e dotados de uma personalidade nonsense. As alfinetadas entre eles seguem o figurino da primeira produção, quando os estilistas Dener e Clodovil brigavam pelo topo da alta-costura no Brasil. Como a indústria da moda cresceu extraordinariamente, hoje a rivalidade entre costureiros não se concentra em apenas dois nomes. Isso pouco importa. O que conta é o humor. E ele corre solto especialmente quando Borges dialoga com Cláudia Raia, que interpreta sua hilariante amante Jaqueline. “Sou um pouco mais tímido do que o Jorge Fernando (diretor) e o Murilo, e demoro mais para me soltar”, diz Borges. Os telespectadores, no entanto, acham que ele está bem soltinho na pele de Leclair.

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AMANTES
 Borges e Cláudia Raia fazem o humor correr solto