Já dá para afirmar, o presidente Lula é o governante mais popular da história do País. Sai do posto daqui a alguns meses com a maior aprovação jamais registrada na República. Na corrida presidencial que se desenrola rumo à eleição de outubro, todos querem ser Lula. Candidatos e partidos tentam vincular sua imagem à dele. Afinal, Lula vai embora do Planalto deixando um legado de avanços sociais e resultados econômicos que nenhum dos aspirantes a sucedê-lo contesta. Em campanha não ousam sequer atacá-lo. Talvez por entenderem ser esta uma estratégia inócua. Lula parece ter mesmo incorporado o já lendário “efeito teflon” e contra ele, dizem, nada cola. Às vésperas de terminar o mandato, Lula está à vontade. Se diz tranquilo. Talvez ciente de que a saída do cargo não necessariamente signifique, no seu caso, a retirada do poder. Lula carrega consigo vários planos. O de um instituto de ideias para irradiar sua influência. O de caravanas internacionais, nos moldes das que fez Brasil afora, arrebanhando simpatizantes e seguidores.

E, talvez – por que não? –, o da construção de uma ampla aliança suprapartidária que lá na frente desenhe grandes rumos para o País. Só descarta o de um posto em organismos multilaterais como a ONU, para o qual, se convidado, dirá não. De uma maneira ou de outra, sabe, milhões ainda vão querer ouvi-lo. Aqui e no mundo. Apesar de bater um pouco de saudosismo – “quem está no governo acha oito anos pouco, quem está na oposição acha uma eternidade” –, Lula está animado com a nova etapa. Se entusiasma em especial quando fala da possibilidade de fazer um sucessor. E de que esse sucessor seja uma mulher. A primeira com reais chances de comandar o País. Lula concebeu a candidatura de Dilma à sua imagem e semelhança, muito embora faltem à ex-ministra o carisma e o traquejo político do seu mentor. Para Lula, não é um problema. Ele acredita piamente na continuidade de seu trabalho na Presidência. Com Dilma. Na longa entrevista exclusiva que concedeu à ISTOÉ, na tarde da quinta-feira 5, no gabinete improvisado montado no Centro Cultural Banco do Brasil, de onde despacha desde que o Planalto entrou em reforma há mais de um ano, Lula manda um recado: “Minha relação com a sociedade ninguém pode destruir.”