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22% do tempo
gasto na internet é dedicado à navegação em redes sociais e blogs

Esquecer aquela pessoa com quem você teve um relacionamento não é das tarefas mais fáceis. E num tempo em que as redes sociais nos põem em contato com gente do mundo inteiro, o tempo todo, alguém que você não queria ver no monitor nem se estivesse pintado de ouro sempre pode aparecer no seu Twitter ou em sua página do Facebook. Foi pensando nisso que uma empresa americana criou o Ex-blocker (bloqueador de ex, em tradução livre). O programa é, antes de tudo, uma brincadeira – que, no entanto, diz muito sobre o nosso tempo. “Motivamos um monte de comentários em blogs e no Twitter”, diz Alix McAlpine, diretora de marketing da Jess3, agência de conteúdo que criou o aplicativo. “É uma forma bem-humorada de colocar em prática aquele ensinamento de tirar o ex de vista e do pensamento, só que também na internet.”

O funcionamento do aplicativo é simples (leia quadro abaixo). Depois que o usuário o instala em seu computador, toda vez que o nome do ex – até cinco pessoas podem ser cadastradas – for mencionado no Twitter, no Facebook ou mesmo nas buscas do Google, ele é substituído por um espaço em branco. O aplicativo é inspirado no “BP Oil”, programa semelhante que cobre com a figura de uma mancha de óleo termos relacionados ao vazamento no Golfo do México.

A ideia do novo bloqueador surgiu quando Brenna Ehrlich, blogueira e editora do site Mashable, tinha de escrever sua coluna semanal no portal do canal de tevê CNN, falando sobre como lidar com o fim de um relacionamento na internet. “Como eles fizeram o ‘BP Oil’, eu os contatei para saber se podiam fazer algo parecido para ‘apagar’ ex-namorados”, disse Brenna à ISTOÉ. Ela conta que marcou um encontro com Leslie Brad-shaw, presidente da Jess3, e Alix. “Estávamos num bar discutindo como é fácil seguir um ex na internet hoje em dia e como esse poderia ser um modo de prevenir isso. Então, o Ex-Blocker nasceu.”

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Por mais avesso que alguém possa ser às redes sociais, é impossível negar sua popularidade. Segundo levantamento da empresa de análise de mercado Nielsen, três das marcas mais populares na internet estão ligadas a redes sociais (Facebook, YouTube e Wikipedia). A população mundial gasta 22% do seu tempo de navegação nessas redes ou em blogs. Ainda segundo a Nielsen, pela primeira vez na história, redes sociais ou blogs são visitados por três quartos das pessoas que navegam na internet. Enquanto até 2009 elas passavam em média três horas e meia por mês nesse tipo de site, até abril deste ano o período pulou para seis horas.

Infelizmente para os brasileiros, o Ex-blocker não foi programado para banir o ex do Orkut. A grande quantidade de usuários do site fez com que o Brasil liderasse o ranking mundial de visitas a uma rede social específica, com a impressionante marca de 86%. Os australianos são os mais ávidos frequentadores desse tipo de site, navegando neles por 7 horas e 19 minutos mensais, seguidos de Estados Unidos e Itália, com seis horas e meia cada um. O Brasil vem logo atrás, com uma média de 5 horas.

Para o especialista em mídias sociais Edney Souza, o programa é mais uma brincadeira do que algo efetivamente útil. “Mas talvez evite aquela compulsão de ficar fuçando o perfil do seu ex nas redes sociais”, opina. Alix McAlpine, da Jess3, diz que a empresa não tem planos de aperfeiçoar o Ex-blocker, mas que pretende tornar o site que hospeda o aplicativo mais divertido e com ainda mais conteúdo. Como disponibiliza o aplicativo gratuitamente, a empresa não tem nenhum lucro com ele, mas não está preocupada com isso. “Ele foi desenvolvido por uma área da nossa companhia que faz projetos experimentais e divertidos”, afirma Alix. “Na verdade, o projeto serve como uma propaganda para a empresa.” A blogueira Brenna usou e aprovou. “Sempre existem pessoas que queremos evitar – e esse é um jeito divertido de fazer isso.”