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Cada detalhe está sendo testado. As convenções dos partidos Democrata e Republicano, que acontecem nas duas próximas semanas, vêm sendo preparadas como uma espécie de teatro da política americana. O grand finale será o discurso dos candidatos aceitando oficialmente sua indicação para a disputa à Casa Branca. O democrata Barack Obama começa o espetáculo neste sábado nas escadarias do antigo Capitólio de Springfield, Illinois, edifício histórico onde Abraham Lincoln, o presidente que acabou com a escravidão, fez seu memorável discurso sobre as desuniões do país. Cinco dias depois, no estádio Invesco Field, Obama aceitará a indicação em uma data simbólica: o aniversário de 45 anos do discurso "I have a dream", de Martin Luther King, um dos principais líderes do movimento americano pelos direitos civis.

Mais cinco dias e o republicano John McCain, que vem tentando associar Obama à imagem de celebridade vazia, reunirá seus convencionais no estádio Xcel Energy Center, em Saint Paul, Minneapolis. Um espaço que já abrigou shows de figuras lendárias como Luciano Pavarotti e Paul McCartney, como enfatiza o site da campanha de McCain. "O palco foi projetado para facilitar o tom sincero e pessoal que os americanos esperam do senador McCain", anunciou Maria Cino, presidente da convenção republicana de 2008. "O cenário intimista será o pano de fundo adequado para o discurso de McCain."

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SEM TRÉGUA
Às vésperas da indicação oficial dos candidatos,
McCain ultrapassa Obama em pesquisa, mas disputa segue acirrada

As convenções e o anúncio dos candidatos à Vice-Presidência devem aumentar ainda mais o acirramento da campanha – a mais concorrida das últimas quatro décadas. Na semana passada, pela primeira vez McCain se posicionou à frente de Obama em uma pesquisa de opinião pública. Segundo levantamento realizado pela Reuters/Zogby, McCain contabilizava 46% das intenções de voto dos eleitores, contra 41% de Obama. "Não há dúvida de que a campanha para desacreditar Obama está dando resultados a McCain neste momento", comentou John Zogby, responsável pela pesquisa.

Divulgada na quinta-feira 21, outra pesquisa, realizada pelo jornal The Wall Street Journal e pela rede de tevê NBC, mostrava tendência similar. Pelo levantamento, havia um empate técnico entre os dois candidatos, devido à margem de erro de três pontos. Só que na rodada do mês anterior Obama tinha uma vantagem de seis pontos. Ao analisar a pesquisa, o Wall Street Journal ressaltou que o resultado revelava "como as crises internacionais e alguns anúncios negativos bem colocados aumentaram as possibilidades do candidato republicano".

PARQUE TEMÁTICO
Cópias de trajes de gala de primeiras-damas,
limusine do presidente Truman e réplica do Salão Oval

McCain cresceu principalmente por suas posições durante a crise na Geórgia, que aumentou a polarização das relações entre Estados Unidos e Rússia. No período, Obama, que tinha retornado de uma viagem pela Ásia e pela Europa, havia tirado nove dias de férias no Havaí. De volta à campanha, na semana passada tentou adotar um tom mais agressivo em relação ao adversário, cujos efeitos ainda não se fizeram sentir. Frente a frente, McCain e Obama terão pelo menos três oportunidades para discutir suas posições até o dia das eleições – 4 de novembro.

Antes da realização dos debates previstos entre os candidatos, democratas e republicanos devem se esmerar no teatro político. No estádio Invesco Field, onde acontece a convenção democrata, já entrou em operação uma espécie de parque temático da Casa Branca. Batizada de "Experiência presidencial", a exposição abriga de peças autênticas – como a limusine 1950 usada pelo presidente Harry Truman – a cópias de vestidos de gala usados por primeiras-damas. Ao visitar uma réplica em tamanho natural do Salão Oval, o visitante poderá até mesmo fazer a sua versão de uma foto emblemática: aquela na qual o presidente John Kennedy é retratado despachando no Salão Oval, enquanto o filho John-John brincava debaixo da mesa.

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