Francis Bacon, Vermeer, Van Gogh. A julgar pela citação de grandes pinturas na tela “Sr. Lobo em Pele de Carneiro”, que Ana Elisa Egreja expõe no Paço das Artes, se poderia supor que sua nova série rende homenagem à história da arte. Mas não: tudo aqui conspira a favor da ideia de que sua maior referência é mesmo Henri Matisse. O mestre francês está presente em pelo menos dois momentos estratégicos da mostra “Interiores”. Primeiro, aparece de forma ­grandiloquente em “Festinha no Ateliê Vermelho”, remissão alegre e bem-humorada à “Ateliê Vermelho”, pintada por Matisse em 1911. Depois, na tela “Jonatan e Seus Sobrinhos da Sala de Estar”, o pintor aparece de forma mais discreta, em livro pousado sobre a mesinha de centro da sala.

Matisse é a estrela que ilumina a obra de Ana Elisa desde que ela elegeu, em 2001, elementos decorativos entre suas matérias de trabalho. Sob o signo do grande mestre, Ana Elisa faz do patchwork seu principal procedimento. Suas novas pinturas são “colagens” de dois elementos: profusões de estamparias que ornamentam ambientes residenciais e variantes de animais, pesquisados em álbuns de fotos de redes sociais na internet. Se a natureza-morta foi seu tema em séries anteriores, hoje ela se interessa pela natureza “civilizada” de peixes, veados, ursos, lobos, porcos, onças e macacos, deitados em camas e sofás, em um habitat “quase natural”.

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FESTA DE CORES
Pintura de Ana Elisa Egreja cita “Ateliê Vermelho”, de Matisse


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