i58013.jpgO desempenho da equipe brasileira nos Jogos Olímpicos de Pequim não foi o previsto pelos dirigentes esportivos do País e, certamente, frustrou a passional torcida verde-eamarela. Em contrapartida, o Brasil apresentou ao mundo uma série de novos talentos que permitem vislumbrar um horizonte promissor para os próximos ciclos olímpicos. “As competições de elevado índice técnico devem ser analisadas a longo prazo”, diz o ministro dos Esportes, Orlando Silva. “Os resultados obtidos na China indicam que estamos no caminho certo e denunciam alguns acertos que precisam ser feitos.” A dupla do vôlei de praia, Márcio Araújo/ Fábio Luiz, surpreendeu positivamente. Na semifinal, despachou os favoritos Ricardo e Emanuel (também brasileiros) para a disputa pelo bronze e acabou ocupando um lugar mais alto no pódio, ao conquistar a medalha de prata na madrugada da sexta-feira 22. “Ficou aquele gostinho de quero mais, mas às vezes a gente não acerta”, disse Márcio.

Quando deixaram o Brasil, as iatistas Fernanda Oliveira e Isabel Swan eram nomes pouco conhecidos do público e não estavam incluídas em nenhuma lista de favoritos. Na semana passada, penduraram no peito a medalha de bronze na classe 470 e deixaram o barco prometendo ainda melhores resultados nos Jogos de Londres, em 2012. Depois de Pequim, a vela brasileira não fica mais amarrada quase exclusivamente à imagem do vetereno Robert Scheidt, que, em boa forma, ao lado de Bruno Prada, trouxe medalha de prata na categoria Star, disputada por ele pela primeira vez. “Tão importante quanto conquistar o ouro é formar novos atletas, possíveis medalhistas nas próximas disputas”, diz o chefe da equipe brasileira na China, Marcus Vinícius Freire.

Boas surpresas para o Brasil vieram também dos tatames. O judô desembarcou em Pequim com 13 atletas. Entre eles estava João Derly, três vezes campeão do mundo, eliminado antes das fases finais. Em compensação, outros três jovens trouxeram medalhas de bronze. A primeira foi conquistada por Ketleyn Quadros. Com 20 anos de idade, ela superou as dificuldades de uma infância pobre em uma cidade-satélite de Brasília e, na China, foi a primeira brasileira a ocupar o pódio. “Tenho certeza de que esse bronze será o início e não o final de minha carreira”, afirma Ketleyn.

Os judocas Tiago Camilo e Leandro Guilheiro também trouxeram bronze e chegarão a Londres mais experientes. “Faltou um pouco de tranqüilidade que só a participação em competições de alto nível pode trazer”, analisa Guilheiro. Segundo Ney Wilson da Silva, chefe da equipe brasileira de judô, o resultado em Pequim foi bastante favorável. “Claro que tínhamos a expectativa de pelo menos uma medalha de ouro, mas saímos dessa Olimpíada mais maduros”, afirmou Silva.

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Também na natação, boa parte dos brasileiros se surpreendeu com César Cielo. No ano passado, durante o Pan do Rio de Janeiro, o Brasil decorou o nome de Thiago Pereira. Em Pequim, ele não chegou ao pódio. Mas Cielo se impôs. Primeiro colocou no peito a medalha de bronze nos 100 metros livre. Depois, foi buscar o ouro ao bater o recorde olímpico dos 50 metros com 21s30. Confiante, deixou a capital chinesa dizendo que novos recordes virão. “Cielo é o melhor nadador brasileiro dos últimos tempos e ainda vai evoluir muito”, profetiza o excampeão Gustavo Borges.

“Evidentemente, a cobrança é feita sobre as medalhas. Porém, o fato de o Brasil ter chegado à China com uma delegação numericamente superior e ter disputado um maior número de finais é algo muito positivo”, afirma Martinho Nobre, chefe da equipe de atletismo em Pequim. “Isso mostra que estamos evoluindo. Para se tornar uma potência olímpica é preciso investimento, planejamento e paciência chinesa.” Os dois primeiros itens já conquistamos.”

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