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CUIDADOS
Exploração em alto-mar é complexa e perigosa

As imagens da extensa mancha negra de petróleo no oceano azul e de chamas cobrindo o horizonte representam catástrofes que ninguém quer ver de novo. Após o gravíssimo acidente no Golfo do México, em 20 de abril, Estados Unidos e países europeus adotaram exigências mais rígidas para licenças ambientais na exploração do petróleo. E era esperado que o Brasil, o maior produtor mundial em plataformas marítimas, também tomasse providências. Afinal, o que está em jogo é a segurança da futura exploração das reservas do pré-sal. Embora tenha descartado, de início, qualquer paralelo com o caso americano, o governo brasileiro dobrou-se à realidade e decidiu elaborar um Plano Nacional de Contingência. A Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Comando da Marinha e o Ministério do Meio Ambiente devem entregar ao presidente Lula até setembro um projeto para tentar reduzir ao máximo os riscos no pré-sal. “A segurança operacional vai aumentar em todo o mundo, mesmo em países como Brasil e Noruega, que têm regimes de segurança modernos. Aqui nós teremos que identificar todos os riscos envolvidos em todas as plataformas em alto-mar de perfuração e produção”, disse à ISTOÉ o presidente da ANP, Haroldo Lima.

Com relação ao pré-sal, o governo ainda não tem informações exatas sobre a complexidade dos equipamentos nas plataformas, a profundidade dos poços, o número de pessoas envolvidas e a distância das instalações. Hoje as exigências para exploração em águas profundas no Brasil já são rígidas. Mas a ANP garante que com o Plano Nacional de Contingência o controle será ainda maior. Analistas de petróleo, contratados pela Petrobras, avaliam que o acidente na plataforma da British Petroleum (BP), no Golfo do México, será um divisor de águas nos mecanismos de controle e deve afetar os custos e a produção no futuro. Essa também é a avaliação do empresário Eike Batista, dono do grupo EBX, para os contratos do pré-sal. Segundo ele, as companhias terão que desembolsar mais do que previam para reforçar a segurança e evitar acidentes. “Mas nada que impeça o pré-sal de ser um negócio interessante”, disse o empresário.

O professor de Engenharia de petróleo da Universidade Federal Fluminense (UFF) Geraldo de Souza Ferreira lembra que, apesar de toda preocupação, a situação brasileira é bem diferente da americana, pois a regulação elaborada pela ANP, em termos de segurança operacional, é mais avançada. Em sua opinião, no pré-sal haverá parâmetros especiais para manutenção e integridade do poço, com a instalação de válvulas, sistema de perfuração adequado e checagem do funcionamento dos equipamentos que monitoram as operações. “Não vou dizer que não pode acontecer, mas os riscos são menores”, diz Souza Ferreira. No Golfo do México, o petróleo vazou por 75 dias, a BP teve prejuízo de US$ 17 bilhões, mas os danos ao meio ambiente são incalculáveis.

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