chamada.jpg
DEDICAÇÃO Marta, da Funeral Home, cuida para que a família tenha atendimento 24 horas por dia

O luxo chegou ao mercado funerário. Método de rejuvenescimento póstumo, revoada de pombos, empertigados violinistas, carros importados. Tal qual nos Estados Unidos, o Brasil descobriu esse mercado e os profissionais do setor estão se desdobrando para oferecer serviços de alto nível, para que o momento da despedida seja compatível com o estilo de vida do falecido.

Tudo com o objetivo de fazer com que a última lembrança seja a melhor possível. Mesmo com a taxa de óbitos estável nos últimos anos e longevidade crescente do brasileiro, o setor funerário cresceu 15% nos últimos quatro anos. “Nossa alternativa foi oferecer novos serviços para atender a camada da população que busca um serviço de qualidade e pode pagar por ele”, diz Lourival Panhozzi, presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário. “De dez anos para cá, mudou muito a cultura de funerais no Brasil”.

Mudou mesmo. “Hoje, o funeral é o último grande evento social de uma pessoa”, afirma Nelson Pereira Neto, consultor de funerais especiais do grupo Bom Pastor. Entre os investimentos para atender o público de alto padrão está a aquisição de um Chrysler 300C, no valor de R$ 300 mil. “Em menos de um mês, já tivemos mais duas encomendas”, conta Kennedy Bacarin, da Procópio Limousines, que adaptou o veículo para servir como carro fúnebre.

img1.jpg
LUXO O aluguel do Chrysler 300C é de R$ 2,3 mil

Um dos serviços que mais se sofisticaram nos últimos anos foi a preparação de corpos. “Ninguém quer se apresentar para a sociedade em que viveu de forma pouco digna”, afirma Neto. O grupo tem uma equipe de 36 tanatólogos e 16 reconstrutores e reparadores faciais. A tanatopraxia, técnica para preparação de corpos, é capaz de eliminar odores, reduzir inchaços e melhorar a aparência da pele, eliminando hematomas e rugas. O tratamento é complementado por maquiagem, que elimina a palidez.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

No caso de pessoas com olhos fundos ou que perderam muito peso, é possível fazer preenchimento com silicone. “É igual a uma cirurgia plástica. É o mesmo método, mas a pessoa está morta”, afirma Pedro Patussi, proprietário da Tanart. “Hoje em dia a estética na morte é tratada como em vida. O

tratamento do corpo deixa a pele acetinada, macia”, afirma. Há tratamentos também para cabelo e manicure. Dependendo dos serviços, o valor pode chegar a R$ 3,8 mil. As empresas do ramo cuidam de cada detalhe de cerimônias fúnebres mais sofisticadas. A Funeral Home, em São Paulo, oferece cerca de 50 serviços, 26 ambientes e seis salas de velório. “Trouxemos o conceito de ‘funeral home’, de Nova York”, explica a gerente Marta Alcione Pereira. Segundo ela, com a verticalização das cidades americanas, as pessoas deixaram de fazer o velório em casa.

img2.jpg
CERIMÔNIA AMERICANA Os padrões estrangeiros ditam tendências

Na Funeral Home, o valor das salas pode chegar a R$ 6 mil, por um período de 16 horas. “Oferecemos condições para prestar uma homenagem digna à pessoa que faleceu, dentro de um ambiente confortável e elegante.”

Há diversos pacotes de serviços, que podem incluir até a transmissão do velório pela internet. Entre as alternativas, é possível encomendar uma apresentação com fotos do homenageado ou uma revoada de pombos, com cerca de 30 a 40 aves brancas. Há diferenciais como o “bem-velado” (versão do bem-casado), botões de rosa ou velas de soja, ecologicamente corretas. “Essas transformações indicam uma mudança de cultura”, diz Marta. Outros serviços cada vez mais comuns são a contratação de músicos, em especial violinistas.

“Somos facilitadores desse processo de luto. Estamos sempre preparados para as diferentes reações e atitudes, para não julgar e dar atenção total”, afirma a gerente. Se contra a morte não há remédio, pelo menos que ela seja cercada de conforto.

img3.jpg


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias