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Será lançado na Festa Literária Internacional de Paraty, que começa na quarta- feira 4, a obra “Atravessar o Fogo” (Companhia das Letras), publicação que traz 310 letras do cantor e compositor americano Lou Reed, importante cronista e poeta do rock’n roll. O autor, que cancelou
sua vinda a Paraty, retratou em suas músicas personagens do universo underground e os movimentos culturais dos anos 1960 e 1970, com influências estéticas de artistas como Andy Warhol e Nico. Coube a Christian Schwartz e Caetano W. Galindo a difícil missão de traduzir as canções. A edição brasileira, no entanto, não manteve as páginas negras, os manuscritos e as diferentes diagramações das letras que são um diferencial da versão original.

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+5 atrações da Flip

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ISABEL ALLENDE
A escritora chilena (foto), autora de “A Casa dos Espíritos”, volta à fi cção e lança em Paraty o novo livro: “A Ilha sob o Mar”

ROBERT CRUMB
Figura lendária, o cartunista americano falará sobre o quadrinho contemporâneo ao lado de Gilbert Shelton

FERREIRA GULLAR
O poeta será homenageado na Flip desse ano e lerá poemas de seu livro inédito “Em Alguma Parte Alguma”

SALMAN RUSHDIE
O escritor indiano, de “Os Versos Satânicos”, vem pela segunda vez ao evento, onde lança o romance “Luka e o Fogo da Vida”

WILLIAM BOYD
Autor de “Praia de Brazaville” e “As Aventuras de um Coração Humano”, o autor nascido na Nigéria e educado na Escócia participa de debate na Flip

Leia duas letras de Lou Reed que estão na obra "Atravessar o Fogo"

Domingo de manhã
[Sunday morning]

Domingo de manhã
Começo a compreender
É só uma inquietação ao meu redor
Um despertar precoce
Domingo de manhã
São apenas os anos perdidos ainda tão perto
Cuidado, o mundo te persegue
Tem sempre alguém perto de você que vai dizer
Isso não é nada

Domingo de manhã
E estou afundando
Um sentimento que não quero conhecer
Um despertar precoce
Domingo de manhã
São as ruas todas que você cruzou não faz muito tempo
Cuidado, o mundo te persegue
Tem sempre alguém perto de você que vai dizer
Isso não é nada

Domingo de manhã

Estou esperando o cara
[I’m waiting for the man]

Estou esperando o cara
Vinte e seis dólares na mão
Na altura do número 1-2-5 da Lexington
Doente e sujo, me sentindo mais morto do que vivo
Estou esperando o cara

Ei, menino branco, o que é que você faz aqui?
Ei, menino branco, subindo o morro pra tentar se divertir*
Oh, perdão, senhor, nem passou pela minha cabeça
Só estou procurando um camarada meu
Estou esperando o cara

Aí vem ele, todo vestido de preto
Sapatos de operário e chapéu de malandro
Nunca chega cedo, está sempre atrasado
A primeira coisa que a gente aprende é que sempre tem de esperar
Estou esperando o cara
Na frente de um sobrado escuro, no alto de três lances de escada
Todo mundo já te sacou, mas ninguém está nem aí
Ele tem lábia e te faz provar do doce
Aí você precisa se mandar porque não tem tempo a perder
Estou esperando o cara

Baby, não grite comigo, querida, não esperneie
Estou legal, sabe, vai dar tudo certo
Estou legal, estou, oh, muito legal
Até amanhã, mas aí já vai ser outro dia
Estou esperando o cara

* Os dois primeiros versos dessa estrofe foram usados pelo compositor e cantor da Legião Urbana, Renato Russo, na música “Mais do mesmo”, do disco Que país é este (1987). Uma versão mais literal seria: “Ei, menino branco, está atrás de nossas minas?”. Optou-se pela tradução consagrada. (Todas as notas desta edição são dos tradutores.)