Com uma injeção de gel, mulheres da Inglaterra e de Portugal, entre outros países europeus, estão aumentando o volume dos seios sem a necessidade de colocar próteses de silicone ou enxertos de gordura. O método também é usado no Japão, onde muitas já colocaram entre 50 e 150 mililitros do novo produto nas mamas. O agente dessa transformação é uma versão diferente do ácido hialurônico, uma substância já conhecida dos dermatologistas e cirurgiões plásticos como um eficiente preenchedor de rugas da face. O que os cientistas fizeram foi adaptá-lo para ser utilizado na correção dos contornos de outras partes do corpo. Para tanto, criaram um ácido hialurônico com moléculas maiores, chamado de Macrolane. No final de 2007, sua aplicação para mamas, colo, glúteos e onde mais for necessário foi aprovada pela agência reguladora européia.

A técnica tem feito sucesso porque evita a cirurgia, não deixa cicatriz e pode-se retomar as atividades no mesmo dia. E serve para corrigir assimetrias no tamanho dos seios. "A única restrição é quanto ao volume", disse à ISTOÉ o cirurgião plástico Francisco Melo, de Portugal, que aplica o gel desde maio. O aumento máximo que pode ser obtido com o gel é menor do que o da prótese. Enquanto a média do silicone varia entre 200 e 350 mililitros, até agora não foram usados mais que 240 milititros do Macrolane. O resultado dura cerca de um ano e meio. O preço equivale ao da prótese de silicone.

A chegada da novidade ao Brasil está prevista para o início de 2009. Mas já provoca debates. O cirurgião plástico Maurício de Maio, de São Paulo, que foi à Suécia a convite do fabricante para conhecer o preenchedor, ficou impressionado com o efeito estético, mas é cauteloso. "Nos glúteos, fica melhor do que o silicone. Porém prefiro aguardar os resultados de estudos sobre a segurança antes de pensar em usar nas mamas", diz. O cirurgião plástico Volney Pitombo, do Rio de Janeiro, afirma: "Acho que pode atrapalhar o exame de mamografia."

Outra questão é quem fará a aplicação, que exige conhecimentos profundos de anatomia. Os cirurgiões plásticos reclamam para si a função, mas os dermatologistas também se consideram capacitados. "Cirurgiões dermatológicos treinados para fazer peelings profundos têm qualificação para aplicar o gel corporal", diz a dermatologista carioca Daniela Nunes, que também foi à Suécia conhecer o procedimento.

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