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COMPLEXIDADE
Só os produtos plásticos têm sete classificações diferentes

Ser um cidadão ambientalmente correto exige cada vez mais conhecimento. E não só a respeito da legislação e de outros temas áridos. Vejamos a simbologia usada para identificar materiais recicláveis, por exemplo. Não faz muito tempo, embalagens feitas desses materiais tinham um único símbolo universal, o “mobius loop” – um triângulo formado por três setas, mostrando o ciclo desses produtos. A complexidade aumentou. Com a intenção de facilitar o trabalho da indústria de reciclagem – e, por consequência, o do consumidor consciente –, o Brasil criou um código pioneiro. Só o plástico tem sete diferentes classificações – ao todo, são 13 ícones.

“Percebemos uma demanda da sociedade para conhecer melhor o que se consome”, diz Luciana Pellegrino, diretora-executiva da Associação Brasileira de Embalagem (Abre). A fórmula brasileira, por sinal, foi incorporada ao conjunto de normas internacionais ISO 14021 e será usada como padrão internacional. Criada há dois anos, a simbologia se antecipou à aprovação pelo Senado da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, no início do mês, que obriga as empresas a se responsabilizar pelo descarte dos produtos que fabricam. “Ela vai contribuir muito para o cumprimento da nova legislação”, afirma Luciana.

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CONTRIBUIÇÃO 
Os símbolos ajudam as empresas no descarte dos produtos fabricados

Segundo Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, organização que milita pelo consumo consciente, o conhecimento daquilo que descartamos é essencial para fazer com que a legislação seja cumprida. “No Brasil uma lei ainda depende de ‘pegar’ ou não”, critica. “A indústria vai cumpri-la porque é arriscado fazer o contrário, mas, com a população, que produz a maior quantidade de lixo, não é tão simples.” Para quem diz que uma pessoa só não faz a diferença, o Akatu fez um cálculo. Segundo o instituto, alguém que viver até os 72 anos (expectativa de vida no Brasil) vai produzir lixo suficiente para lotar um apartamento de 50 metros quadrados até o teto. Cinco famílias de quatro pessoas encheriam, portanto, um prédio de dez andares com dois apartamentos por andar. “Apenas na Grande São Paulo, que tem 17 milhões de habitantes, seriam necessários 850 mil prédios”, afirma Mattar.

Embora o código possa parecer complexo, recentemente houve uma sutil alteração no símbolo presente em toda embalagem reciclável, independentemente do material de que é feita. O ícone que mostra uma pessoa na frente de quatro lixeiras foi substituído por um parecido, com apenas dois recipientes. “O novo símbolo facilita a aplicação e visibilidade”, explica Luciana, da Abre.

Ao mesmo tempo, ele está de acordo com a nova prática de alguns locais que disponibilizam recipientes para coleta seletiva. Se antes usávamos quatro lixeiras (para vidro, papel, plástico e metais), agora a recomendação é de que se disponibilize uma para o lixo comum e outra para os quatro materiais. “Muita gente não sabia bem o que tinha em mãos e acabava jogando no lugar errado”, diz a executiva. Agora é hora de colocar o conhecimento em prática.

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