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MOBILIZAÇÃO
Bancários, metalúrgicos e petroleiros têm estratégias diferentes,
mas todos falam em greve para obter reajustes salariais
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O meio sindical anda bem inspirado. Os petroleiros citam versos de João Cabral de Melo Neto “um galo sozinho não tece uma manhã, ele precisará sempre de outros galos”, em referência ao que planejam para os próximos dias. Os bancários dizem que “não subtraem, a partir de agora só somam”. Entre os metalúrgicos de São Paulo a ordem é “esquentar os motores para garantir um resultado melhor”. Tanta metáfora só tem um foco: as negociações salariais por conta do dissídio dessas categorias, que ocorre em setembro. A se levar em conta as reivindicações e o nível de mobilização desses sindicatos que representam quase um milhão de trabalhadores, a tendência é de que o País volte a viver uma intensa rotina de grandes greves nos próximos meses. “Vamos fazer a campanha salarial conjunta. Queremos as compensações da inflação e mais 7%. Se não conseguirmos, vai ter greve”, disse à ISTOÉ o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo.

Neste fim de semana, lideranças de todo o País vão se reunir no Rio de Janeiro para a 12ª Conferência Nacional dos Bancários para bater o martelo na pauta de negociações que vão levar aos bancos estaduais e privados. De acordo com Juvandia Moreira Leite, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que tem 130 mil filiados, a proposta é de um reajuste de 10,71%, o que representa a inflação mais um ganho real de 5%, e participação nos lucros e resultados. “No último encontro perguntamos quem tinha disposição para participar da campanha (salarial) até o fim (a greve) e 70% levantaram o braço”, disse Juvandia.

Os metalúrgicos fazem assembleias diárias e guardam seus pleitos lacrados. Os cabeças do movimento se consideram referência nacional em campanha salarial e guardam a estratégia trancada a sete chaves. O sucesso, dizem, é apresentar as propostas só na mesa de negociação. Possivelmente para não assustar as montadoras. Mas o presidente da Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT/SP (FEM/SP), Valmir Marques, ou Biro Biro, adianta que o reajuste “será muito maior” do que o que foi negociado no Rio Grande do Sul. Em maio, para os metalúrgicos gaúchos – que têm a negociação separada de São Paulo – o aumento foi de 8,75%. A expectativa da categoria é conseguir ao menos 12% de reajuste. “O metalúrgico sempre soube buscar seus objetivos. Em cinco minutos conseguimos parar uma fábrica”, diz Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Os petroleiros vão se reunir no dia 10 de agosto em assembleias em todo o País em defesa de sua “pauta histórica”. Uma lista enorme, com 197 cláusulas econômicas e sociais, foi entregue à Petrobras. As reivindicações vão desde o pedido de aumento com base no maior índice inflacionário, seja o INPC ou IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, seja o ICV, do Dieese, 29% de perdas do Plano Real e até o pagamento de dias descontados de empregados que participaram de greves em 1994, 1995 e 2010. O diretor jurídico do Sindipetro-RJ, Edison Munhoz, diz que as paralisações este ano são praticamente inevitáveis. Ou seja, está aberta a temporada de greves no Brasil.

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