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SOLISTA Alexandra se apaixonou pela ópera aos 16 anos

Nada de senhores de bigode, roupas de gala e espetáculos longos, com direito a intervalo. O público que está lotando a plateia de espetáculos de ópera nas principais capitais brasileiras é jovem ssim como os artistas em cena e atrás das cortinas. “Pagliacci”, que estreou na semana passada em São Paulo, simboliza bem essa transformação: a diretora, Livia Sabbag, tem 29 anos; o maestro, Otávio Simões, 26. O clássico tem duração de 90 minutos, com preços convidativos (R$20). Ingredientes certeiros para cativar uma nova audiência.

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Modernidade A ópera Pagliacci

Com 15 montagens no currículo, Livia quer transformar a visão do gênero no Brasil. “A ópera era considerada démodé, mas isso está mudando”, afirma. Filha do maestro Marco Antonio da Silva Ramos e sobrinha-neta de Fabio Sabbag, ator e diretor de teatro, cinema e televisão falecido no ano passado, Livia ouviu a primeira ópera aos 10 anos e se apaixonou. Em “Pagliacci”, metade do elenco tem menos de 40 anos e o coro é formado principalmente por cantores jovens. “Estamos abrindo oportunidades para eles”, diz Livia. O maestro Otávio Simões completa: “Tem muita gente entre 20 e 30 anos ascendendo nesse cenário musical que quer fazer ópera.

É um pessoal bom, talentoso.” De cinco anos para cá, surgiram novos grupos que estão renovando a cena. O Núcleo Universitário de Ópera, de São Paulo, coordenado pelo maestro Paulo Maron, tem 32 integrantes na faixa dos 20 a 30 anos.

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MODERNA Livia Sabbag aposta na renovação do gênero

“Temos recorde de 1.200 pessoas. Lotamos o Teatro São Pedro durante todo o semestre”, comemora Maron. Uma das razões do sucesso é a abordagem mais leve e o repertório acessível. A estudante de música Alexandra Liambos, 23 anos, faz parte do Núcleo há quatro e começou a estudar canto por causa da banda de heavy metal da qual fazia parte.

“Quando conheci a ópera, percebi que adorava”, diz. O Ópera Estúdio, de São Paulo, valoriza a interpretação e a modernização dos espetáculos. “Coordeno mais do que dirijo. A concepção é coletiva e eu vou catalisando”, diz o maestro Mauro Wrona.

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Maestro Otávio Moares

O fenômeno não é exclusividade paulistana: no Rio de Janeiro, a companhia Ópera de Bolso é especializada em espetáculos para o público jovem. Nem os pequenos escapam: seja com clássicos como “João e Maria” e “Cyrano”, seja com adaptações como “O Pequeno Príncipe”, há espetáculos para todos os gostos, bolsos e idades. Assim se formam futuras gerações de virtuoses.