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Assista Rodrigo Faro encarnando Lady Gaga 

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IRREVERÊNCIA
Segundo Faro, os apresentadores devem se afastar do tradicional

Sátiras a artistas e celebridades sempre foram um prato cheio para humoristas da tevê. Tom Cavalcante, por exemplo, deve muito de seu sucesso à sua habilidade de incorporar e ironizar famosos.

O programa “Casseta & Planeta Urgente” sempre traz quadros de imitações de personalidades da vida real. Agora um apresentador vem lançando mão desse recurso e se destacando nas noites de sábado: trata-se de Rodrigo Faro, que há dois anos comanda na Rede Record o programa “O Melhor do Brasil”.

A atração começa meio morna às 17 horas, mas basta o apresentador dar início, um pouco mais tarde, às suas imitações de estrelas do pop internacional ou da música popular brasileira no quadro “Vai Dar Namoro” para o ibope da Record começar a subir abruptamente. Na semana retrasada, quando Faro deu a largada na sua sessão de “dancinhas” encarnando o cantor Michael Jackson nos clipes de “Beat it”, “Thriller” e “Billie Jean”, o quadro teve média de 18 pontos com picos de 22. Por apenas dois pontos não esbarrou na audiência da Rede Globo, que no horário exibia o “Jornal Nacional”. Na média geral, o programa, que dura quatro horas e meia, teve 14 pontos, o melhor índice desde a sua estreia. “Com as dancinhas eu passei a atingir outros públicos, como o adolescente e o infantil, sem falar no masculino, que passou a ver a atração por causa da namorada ou da mulher. Isso acabou aumentando bastante a audiência”, diz Faro, que também apresenta na emissora o reality show “Ídolos”.

Os números de dança existem no programa há um ano, mas agora estão virando uma mania. Por meio de seu blog, no portal R7, Faro recebe sugestões dos espectadores para o próximo artista a ser homenageado. São tantos palpites que o número de posts já passa dos dois milhões. “Quando o programa está no ar é uma loucura. Chegamos a receber entre 20 mil e 30 mil comentários com sugestões, as mais doidas possíveis. Pedem desde artistas da região onde moram até os sucessos internacionais. Agora, por exemplo, quem vem sendo muito citado é o cantor Justin Bieber.” Como também é ator (só na Globo fez nove telenovelas) e cantor (participou do grupo Dominó e gravou dois discos solo), Faro se sai muito bem nessa empreitada. Mais do que dançarino ou imitador, contudo, o que salta aos olhos é o domínio que ele desenvolveu como apresentador popular, naquela linha lançada por Luciano Huck – a exemplo do colega da Globo, Faro se apresenta de jeans e tênis e usa um linguajar compatível com os convidados, a maioria jovem. “Venho me preparando para isso há muito tempo, mas me faltava oportunidade. Na Globo, eu cheguei a gravar o piloto do programa “Fama”, mas a emissora me queria mais como ator.”

Formado em rádio e televisão pela Universidade de São Paulo (USP), ­Faro diz que sua ambição sempre foi ser um comunicador com um estilo a meio caminho entre Silvio Santos e Chacrinha. Seu jeito espirituoso e seu timing na condução dos quadros têm agradado ao público e, mais ainda, à direção da Record. No início do ano, ele teve o seu contrato de oito anos (até 2017) retificado, evitando assim o assédio da concorrência. Seu salário, claro, foi revisto. Há dois anos, quando assumiu o programa substituindo Márcio Garcia, Faro aceitou ganhar a metade do que recebia o colega – R$ 70 mil. Hoje, nos bastidores, fala-se em faturamentos mensais quatro vezes maiores. Faro desconversa, mas confirma o upgrade. “Aumentou bem, já cresceu um dígito.” A emissora tem feito contas. Já constatou que o experiente Gugu Liberato, por exemplo, contratado com salário de R$ 3 milhões, não teve o mesmo retorno do jovem Faro. A preocupação de Faro, no entanto, é manter o bom momento, firmar a sua imagem e formar o seu público. Os números do Ibope confirmam isso: o share de seu programa mantém-se constante entre 20% e 24%, ou seja, o espectador não muda de canal enquanto a atração não acaba, o que indica uma audiência cativa. “Acho que consegui imprimir o meu DNA. É legal se despir da imagem tradicional do apresentador, se envolver mais e até pagar mico”, diz Faro.

O mico a que se refere são as imitações, que ele próprio sabe ser um ­besteirol: é obrigado a encarnar um cantor toda vez que os candidatos a namorados do quadro “Vai Dar ­Namoro” se beijam. Além de emplacar o bordão “dança, gatinho”, os números de dublagem ficaram mais bem produzidos. Para fazer Michael Jackson, Faro repassou as coreografias quatro horas seguidas por três dias. O apresentador só tem uma reclamação: usar salto alto para encarnar mulheres. “Prefiro ficar atolado na lama jogando futebol por cinco horas a usar um salto por 15 minutos.”

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