Editorial

O Pac das florestas
 

O mundo comemorou mais do que o próprio Brasil. O governo acaba de lançar uma meta ousada para a preservação da mata nativa do País. O desmatamento terá que ser reduzido a praticamente metade do que é hoje.

Em números, o objetivo é baixar de 11,9 mil quilômetros quadrados para cinco mil quilômetros quadrados o total de área devastada ano a ano. Corresponde ainda assim a um imenso território. Mas não se pode tirar o caráter didático da medida. Ela é um bom começo. Já batizado de PAC das Florestas, o plano pode ser encarado como uma verdadeira lei de responsabilidade ecológica. E deveria ser seguido à risca por todos. Aos olhos do planeta, a reserva brasileira é o maior pulmão de oxigênio disponível atualmente. Protegê-lo converteuse em questão de sobrevivência. Ao tomar a frente da tarefa, o governo marca um tento – inclusive diplomaticamente, dado que vários países já vinham cogitando algum tipo de interferência na região, ferindo a soberania nacional. A queda no total da área destruída na Amazônia pode chegar a 70% em um prazo de dez anos, caso todas as escalas da proposta sejam seguidas. Entre as vantagens, uma sensível redução nos gases poluentes pode ocorrer já a partir do próximo ano. É o que esperam os especialistas. Desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente e batizado pomposamente de “Plano Nacional sobre Mudança do Clima”, ele ainda contempla uma política nacional de eficiência energética que pode diminuir em 10% o consumo de energia elétrica até 2030. Por tabela, outros 30 milhões de toneladas de CO2 deixarão de ser emitidos. O aumento do número de árvores é outra área de atuação do plano. O ministro Carlos Minc espera que sejam plantados 11 milhões de hectares de árvores até 2017, sendo dois milhões de espécies nativas. Para se ter uma idéia da dimensão do esforço, ele corresponde ao dobro do pretendido pelo conjunto dos países desenvolvidos. Naturalmente muitos podem argumentar que essa comparação não cabe, em virtude do porte continental do País. Mas o fato é que um importante passo para a preservação foi tomado.

Carlos José Marques, diretor editorial