Comportamento

A moda dos bem-nascidos
Jovens abastados assinam coleções masculinas e conquistam um público acostumado a comprar roupa no Exterior

por Claudia Jordão

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Eles são bem nascidos, jovens, empreendedores, boas-pintas e, principalmente, contrariam boa parte da opinião pública, que pensa que criar roupa é coisa de mulher. Ao mesmo tempo que a moda feminina nacional vem ganhando maturidade graças ao talento de jovens estilistas, a masculina começa a ser desenhada por mãos másculas.

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Mesmo sem formação em moda, nomes como Sérgio Kamalakian, o Sérgio K., e os sócios da Zapalla e da Tua desenvolvem coleções para homens, mantêm lojas em endereços badalados e fazem muito sucesso entre seus pares abastados.São empreendedores com dinheiro para investir, experiência em administração, tino comercial e uma poderosa agenda de contatos.

ESPELHO MEU As peças da Zapalla refletem o estilo de vida de seus sócios, Mario Velloso, João Gaspar e José Eduardo (da esq. para a dir.). São camisetas, jeans e chinelões para sair na balada e viajar. Abaixo, Fernando Espíndola customiza calça jeans em ateliê dentro da loja Tua, em São Paulo

Amigos de infância e jet setters desde então, os sócios da Zapalla – os administradores de empresa José Eduardo Souza Aranha e João Gaspar Bastos e o designer e músico Mario Velloso – tinham dificuldade para encontrar roupas de que gostassem no Brasil. Por isso, resolveram abrir seu próprio negócio.

Em 2005, inauguraram um showroom em São Paulo, onde vendiam, basicamente, camisetas. A iniciativa chamou a atenção dos amigos que compartilhavam o mesmo gosto do trio. "Começamos a notar que eles não compravam apenas para dar uma força, mas para usar", conta José Eduardo, 26 anos. Hoje, têm também uma loja no Shopping Cidade Jardim e, em 15 dias, inauguram outra, no Morumbi, ambos badalados centros de compra de São Paulo.

Além disso, vendem em multimarcas de luxo, como a Daslu. "Nossa inspiração vem de viagens, esportes e música", diz José Eduardo, que assina com os sócios a direção criativa da grife. Donos da grife Tua, o administrador de empresas Flávio Filardi e os irmãos Carlos e Fernando Espíndola também fazem a direção criativa da grife, mas contam com o suporte técnico de uma equipe de estilistas. Ex-modelo, com uma mãe artista plástica e uma irmã formada em moda, Flávio, 28 anos, é a principal mente criadora do trio. "No início, a Tua era, basicamente, jeans e camiseta. Hoje vestimos o homem dos pés à cabeça", diz. A grife também faz roupas femininas e revende outras marcas em sua loja, aberta há mais de dois anos nos Jardins, em São Paulo.

Aos 26 anos, Sérgio K. é o queridinho de dez entre dez playboys. De origem armênia, começou sua empreitada na área em 2004, fazendo sapatos – com matéria-prima de qualidade e preços salgados. Em outubro, mudou de endereço duplamente: de uma loja de 40 metros quadrados na Oscar Freire, em São Paulo, para uma de 160 na mesma rua. E de uma de 36 metros quadrados para outra de 260 no shopping paulistano Market Place. Sua fórmula de sucesso está em fazer roupas comerciais.

"O brasileiro ainda confunde estilo com falta de masculinidade", diz. Para "conversar" com seu público, pendurou um carro Porsche na parede de sua loja nos Jardins e um Ford Cobra no outro endereço. A moda masculina ainda precisa amadurecer, mas quem está acostumado a comprar no Exterior começa a ter opções no Brasil. E, melhor, feitas por brasileiros.


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