PT e PSDB não são os dois maiores partidos do País, mas são os mais influentes. Ambos estão às vésperas de renovar suas direções e ambos caminham para um processo de afirmação.

O PT busca sua independência de forma plena. Quer livrar-se de um passado recente ligado a mensaleiros e a aloprados, deseja autonomia em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e almeja se sobrepor à aliança que atualmente dá sustentação política ao governo. Os tucanos, por sua vez, precisam saltar do muro, mudar a imagem de partido que vacila. Uma “crise de identidade” que se tornou visível na questão da renovação da CPMF. O partido criticou a proposta e foi negociar com o governo. Seus senadores queriam a continuidade do imposto, seus deputados, não. Trata-se de uma oposição sem posições sólidas. O curioso da transição por que passam os dois partidos mais influentes do Brasil reside no fato de que a afirmação, tanto de petistas como de tucanos, passa necessariamente pela aproximação mútua.

Questões como a privatização, distribuição de renda, estabilidade econômica e metas inflacionárias, que historicamente colocaram as duas legendas em pólos opostos, estão superadas. Restam, sim, pequenos ajustes. E é nesses pequenos ajustes que as lideranças do PT e do PSDB precisam se entender. A falta desse entendimento provoca um vácuo político por onde ganham força o fisiologismo e o nepotismo. O chamado baixo clero vira protagonista privilegiado em um processo no qual deveria ser coadjuvante. A continuar assim, cria-se o ambiente propício para que o Brasil possa vir a cair nas mãos de aventureiros políticos, descompromissados com qualquer programa e sem respaldo sólido na sociedade.