chamada.jpg
NA RESERVA
O general Stanley McChrystal fala demais e é demitido por Obama

Bastaram 30 minutos para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mostrar ao mundo que é ele quem manda na mais poderosa força armada do planeta. Na manhã da quarta-feira 23, em encontro no Salão Oval da Casa Branca, Obama mandou para a reserva o general Stanley McChrystal. Chefe das forças americanas no Afeganistão desde maio de 2009, o general agora de pijama estava à frente de 21 mil homens. Conhecido como estrategista habilidoso e respeitado na caserna, McChrystal, em entrevista à revista “Rolling Stone”, classificou Obama como “despreparado” e “intimidado”. Não contente em atacar o líder máximo de seu país, fez comentários cáusticos sobre o vice-presidente, Joe Biden, além de ofender o assessor de Segurança Nacional, general Jim Jones, e o embaixador americano em Cabul, Karl Eikenberry. A substituição foi imediata. O general David Petraeus, até então responsável pelo controle das operações militares no Iraque e no Afeganistão, assumiu o comando no Afeganistão “A conduta de McChrystal não condiz com a forma de se portar de um comandante-geral, mina a autoridade civil e a confiança”, disse Obama.

Embora ao comunicar a demissão do general Obama tenha procurado dizer que nada mudava na política dos EUA para o Afeganistão, a demissão de McChrystal joga luz sobre questões mais delicadas do que a insubordinação. Se por um lado o presidente americano reafirma sua liderança e garante a união do governo com o comando militar, por outro evidencia que sua mais importante promessa de campanha não anda muito bem. Obama foi eleito com a premissa de concluir a missão americana no conflito, uma marca de insucesso de seu antecessor George W. Bush. Para analistas políticos americanos, o general Stanley McChrystal, arquiteto da campanha de contrainsurgência, representava a personificação dessa promessa. Bruce O. Riedel, analista, considera que “essa confusão mostra que a equipe Afe Paqui não está trabalhando em grupo. Representa um descompasso entre as decisões políticas e militares”, diz.

O presidente afegão, Hamid Karzai, com quem o general McChrystal tinha boas relações, acha que substituir o comandante americano das forças internacionais no Afeganistão não ajudará a resolver o conflito que atinge o país. “O presidente considera que estamos numa situação delicada com nossos sócios, em nossa guerra contra o terrorismo, no processo de trazer a paz e a estabilidade ao Afeganistão, e que qualquer brecha nesse processo não ajudará”, afirmou o porta-voz do governo afegão, Waheed Omar. Espera-se, agora, que a decisão do presidente Obama de fazer valer sua autoridade não configure mais um obstáculo para encerrar o conflito que seu país intermedeia há quase dez anos.

G_Obama.jpg

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias