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"Only Man", de Audio Bullys

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"Window Seat", de Erikah Badu

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"Flash Lights", de Kanye West

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"Telephone", de Lady Gaga

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"Tighten Up", de Black Keys

Chama-se “Only Man” o novo videoclipe da dupla inglesa Audio Bullys. Nele, os músicos cantam enquanto são espancados por uma gangue de rua com chutes, socos e tacos de beisebol. O sangue começa a sair de suas testas, e alguns dentes caem. Dirigido pelos franceses Jonas & François, é um trabalho de grande requinte visual, não fosse esta ressalva: o uso da violência como forma de seduzir o público jovem. Não se trata de um caso isolado na internet. Há algumas semanas, outros exemplos do gênero têm causado polêmica – e, claro, ajudado a tirar da estagnação a combalida música pop. A onda de sangue, sopapos e até tiros começou com o lançamento de “Telephone”, encontro de Lady Gaga e Beyoncé no papel de duas criminosas hábeis no uso de venenos e formicidas. O vídeo de nove minutos começa numa prisão feminina da pesada, onde Gaga vai parar por ter matado o namorado. Depois de presenciar com indiferença horrorosas brigas entre as mulheres, ela vai trabalhar numa lanchonete de beira de estrada, palco de uma verdadeira carnificina alimentícia: Gaga simplesmente envenena toda a clientela, enquanto Beyoncé cuida de eliminar o parceiro.

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Com mais de 180 milhões de acessos no YouTube, o clipe dirigido por Jonas Akerlund foi recomendado para maiores de 18 anos e logo copiado pela cantora cingalesa de origem inglesa M.I.A. em “Born Free”, outro filminho que está dando o que falar. A própria M.I.A. confirmou a inspiração numa reportagem da revista de domingo do jornal “The New York Times”: “Os dois vídeos são road movies. Nós matamos pessoas, eles também. O dela começa na cadeia e o nosso, em apartamentos ocupados por sem-tetos.” A grande diferença é que M.I.A. nem sequer teve o seu clipe mal classificado como NSFW (not safe for work, não recomendável). Mais que isso: ele foi banido pelo YouTube. Muito mais violento que o trabalho de Lady Gaga, “Born Free” (referência ao primeiro artigo da Declaração dos Direitos Humanos) mostra uma divisão do Exército americano dando uma batida em um conjunto habitacional de periferia e prendendo homens e crianças ruivas na base de pontapés e coronhadas. Os prisioneiros são levados para um campo minado no deserto, onde viram alvo para diversão dos militares. Antes, um garoto é executado com um disparo na cabeça, cena que remete à conhecida foto de um soldado vietcongue sendo morto nos anos 1960.

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Quem assina o vídeo de M.I.A. é o cineasta Romain Gravas, filho de Costa Gravas, que enfatizou o clima de limpeza étnica. Ele trabalha para a mesma produtora francesa do clipe do Audio Bullys, a El Niño, que vem se especializando em criar polêmica na área da música e, com isso, tem recuperado o poder de fogo dessas pequenas peças publicitárias. Afora um ou outro trabalho escandaloso, tal método de divulgação estava esquecido pela indústria fonográfica. A primeira onda dos videoclipes se deu nos anos 1980, com o aparecimento da MTV. Naquela época, essas produções eram vitais para catapultar o lançamento de um disco. Michael Jackson, por exemplo, não venderia o que vendeu de “Thriller” se não tivesse feito clipes. Hoje, a estratégia é outra. Em tempos de redes sociais, o objetivo é criar um vídeo viral que coloque um artista em evidência da noite para o dia. Lady Gaga sabe disso. E tanto é assim que ela detém o título de mais vista no YouTube (cerca de um bilhão de acessos). Os outros vão atrás. Com sangue e polêmica fácil.

 


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