Os japoneses, célebres por anteciparem tendências tecnológicas de toda sorte, foram longe de novo. A Shimizu Corporation, de Tóquio, propõe a construção de um gigantesco painel de captação de energia solar na Lua. Mais perto do Sol e em uma área que recebe insolação constante – o chamado equador lunar, bem no centro do satélite natural –, o terreno receberia uma série de placas espelhadas que formariam um grande cinturão. A energia gerada seria transmitida para a Terra por micro-ondas e laser. Depois disso, conversores a distribuiriam para todo o planeta. “Podemos começar a construção em 2035”, diz Tetsuji Yoshida, líder do projeto. Segundo ele, o cinturão não sofreria com a interferência das nuvens terrestres e ajudaria a construir uma sociedade alimentada por energia limpa.

Mais: o solo lunar serviria como matéria-prima para a construção da estrutura. Cerâmica, concreto, vidro e tijolos podem ser feitos com recursos do satélite. “A superfície da Lua é constituída de areia e rocha”, explica Victor d’Ávila, astrônomo do Observatório Nacional. Robôs operados por controle remoto fariam boa parte do trabalho. Para economizar no envio fundamental de astronautas-operários, os equipamentos chegariam montados.

Segundo a Shimizu, se o cinturão lunar atingir a extensão máxima de 400 km, poderia suprir toda a demanda energética mundial. E qual será o preço da estrutura? “Boa pergunta”, diz Yoshida. “Ainda estamos trabalhando no desenvolvimento da tecnologia.” Mas é certo que o valor será astronômico. No ano passado, as também japonesas Mitsubishi Electric e IHI anunciaram planos de construir painéis solares diferentes, a serem lançados na órbita terrestre, por meros US$ 21 bilhões.

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