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TELAS GRANDES
Comércio se prepara aumentando em 15% as encomendas e tevês de LCD serão as vedetes

A sensação de que a crise é coisa do passado levou o brasileiro a deixar para trás a cautela, responsável pelo freio das vendas no início deste ano. As pesquisas mostram que a cada mês o consumidor se torna mais confiante e animado. A disposição de comprar em outubro foi melhor do que em setembro que, por sua vez, deixou agosto na sombra, segundo o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da Fecomercio.

O indicador subiu 2,9% e empolgou ainda mais o comércio, que elevou em 15% suas encomendas para o período de Natal. Ao contrário dos anos anteriores, quando ficou popular o "Natal da lembrancinha", este será, segundo a Fecomercio, a festa dos presentões. De acordo com a pesquisa, os paulistanos acreditam que este é o melhor momento para comprar bens duráveis, como televisores, som e eletrodomésticos. "Esse vai ser o melhor Natal dos últimos tempos.

Os paulistanos se sentem mais seguros em seus empregos e estão vendo suas rendas subirem", afirma o diretor-executivo da Fecomercio, Antônio Carlos Borges. "São Paulo reflete menos o que acontece no restante do País. No Brasil, como um todo, as pessoas estão muito mais otimistas."

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Fartura Adriana e José Manoel: presentes para a família toda

Essa tendência é resultado de uma bem-sucedida estratégia do governo. Além de conclamar os consumidores a não parar de comprar, mesmo no auge da crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis e de eletrodomésticos da linha branca no esforço de ancorar o crescimento do País no mercado interno. Deu certo.

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Em outubro, de acordo com a Serasa Experian, o comércio cresceu 7,1% em relação ao mesmo período de 2008, impulsionado pela venda de geladeiras, fogões e micro-ondas. Mas de acordo com o economista Douglas Uemura, da LCA Consultoria, o consumo está aquecido por outros fatores, que vão além da redução tributária. "A recuperação da atividade comercial só ocorreu porque o emprego não está mais ameaçado, os juros estão em queda e o crédito voltou aos níveis de antes da crise", diz Uemura, especialista em varejo.

Tendência de alta
Nos últimos três meses, índice de intenção de consumo da Fecomercio não parou de crescer

Com o vento a favor, o volume de vendas deve crescer 6,5% este ano, com destaque para os móveis, que devem subir 14% no último trimestre, em relação ao mesmo período de 2008, e os setores de tecidos, vestuário e calçados que podem crescer 8,5% nessa mesma comparação, sem esquecer, é claro, da linha branca. Na indústria, a expectativa de grandes vendas é tanta que há receio até de que possam faltar mercadorias como, por exemplo, televisores de LCD. Segundo previsão da RC Consultores, no último trimestre, exatamente em resposta ao aquecimento da demanda, a produção industrial deve crescer 6,2%. "Este será um dos melhores fins de ano dos últimos tempos", afirma Fábio Silveira, sócio-diretor da consultoria.

De acordo com a Sondagem Industrial de outubro, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que ouviu 1.418 empresas, a falta de consumidores não é mais problema. No mês passado, o índice de expectativa de demanda para os próximos seis meses subiu pelo segundo mês consecutivo, passando de 57,1 pontos para 59,9 pontos, um valor bem próximo do patamar de 60 pontos registrado antes da crise econômica mundial. "No mercado interno, a recuperação já aconteceu e o ajuste de estoques chegou ao fim. Os empresários vão receber mais encomendas, o que vai se refletir em elevação da produção", diz o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco.

O otimismo dos consumidores é visível. O major da Polícia Militar, Jean Oliveira, 38 anos, levou toda a família ao ParkShopping, em Brasília, na quinta-feira 5, para pesquisar os presentes de Natal. No meio da tarde, ele passeava com a esposa, a publicitária Luciana, 37 anos, e os dois filhos, Júlia, 10 anos, e Victor, 5 anos. Sorvete numa mão, um pacote na outra. Como a família pretende presentear todos os parentes, essa será a rotina dos Oliveira até o fim do ano. "Ninguém será esquecido", festeja Oliveira. Já a médica Adriana Santana, que mora no Maranhão, conta que, em outubro de 2008, ela e diversos colegas tinham a intenção de comprar uma máquina de radiologia avaliada em US$ 70 mil. Mas, com a oscilação do dólar, ficaram com medo. Neste ano, se o real continuar se valorizando, seu presente de Natal pode ser o ambicionado equipamento. "Eu vou comprar presentes para toda a família. Nesse aspecto, a crise não pode influenciar", diz Adriana, abraçada ao irmão, José Manoel, morador de Brasília.

A viúva Elizabeth da Silva, 57 anos, também foi ao shopping para fazer a lista de presentes com a filha Larissa e a neta Pietra, de 5 anos. Os planos de Elizabeth são parecidos com os de 62% dos entrevistados pela Fecomercio, que pretendem comprar a prazo. Os administradores de shopping já comemoram por conta. "Nos nossos cálculos, haverá um aumento de 40% no volume de vendas e 15% no tráfego de pessoas", diz Marcelo Martins, superintendente do ParkShopping. É provável, portanto, que os shoppings fiquem lotados não só por causa do grande número de consumidores, mas também pelo tamanho dos pacotes.

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