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ÀS CLARAS
Ele traía a esposa, Maria Teresa,
descaradamente, o que irritava a corte e a Igreja

Durante o século XVII, nove entre dez francesas suspiravam ao pensar em Luís XIV, o Rei Sol. Baixinho, barriga saliente, bochechas rosadas e perucas longas, o monarca considerado belo e sensual – por mais estranho que isso soe atualmente – tinha um imenso fã-clube. Também carregava toda a aura da realeza, um afrodisíaco e tanto. É o que revela a historiadora inglesa Antonia Fraser, no livro recém-lançado “O Amor e Luís XIV”. A publicação traz bastidores folhetinescos, que não constam dos livros de história, da relação do Rei Sol com as mulheres de sua vida: da mãe, Ana da Áustria, às amantes mais famosas. “Ser seduzida por Luís XIV dificilmente representava um destino desagradável. Os indícios mostram que as damas correspondiam, em igual ou maior medida, desfrutando do prazer tanto quanto das recompensas materiais”, diz a historiadora.

Herdeiro de Luís XIII e Ana da Áustria, o Rei Sol governou a França de 1643 a 1715. O livro mostra que a histórica frase do absolutista, “O Estado Sou Eu”, se estendia à sua vida pessoal, na versão “O Cartório Sou Eu”. Ele traía a esposa, Maria Teresa, e legitimava os filhos fora do matrimônio – uma maneira de recompensar suas ex-amantes pela dedicação, o que irritava a corte e a Igreja. A quantidade de casos de Luís XIV não pode ser computada. Mesmo o número de filhos é incerto, mas houve pelo menos 18.

O Rei Sol teve três amantes de longa data. A primeira foi a virgem Louise de La Vallière, que se entregou ao monarca aos 16 anos e permaneceu amante oficial por dez anos. Apaixonada, sujeitou-se a situações humilhantes. Deu à luz o primeiro filho do casal sob sigilo numa casa de Paris em março de 1663. “O médico da moda foi escoltado numa carruagem anônima e entrou na casa com os olhos vendados. Lá, ele ajudou uma dama mascarada a dar à luz”, diz o livro. Depois de Louise, o Rei Sol se encantou por Athénais de Montespan. Aos 20 anos, ela era casada e, fora dos padrões da época, adorava sexo. No auge da relação, se encontrava com o rei três vezes ao dia. Em dez anos, teve seis filhos – dois do marido e quatro fora do casamento.

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A terceira amante real foi Françoise d’Aubigné, uma mulher recatada, que se casou cedo e ficou viúva aos 25 anos. Françoise se tornou marquesa de Maintenon e, em seguida, a segunda esposa, nesse caso, secreta, do Rei. Nessa época, Maria Teresa já havia falecido e Luís XIV completava 40 anos. O livro revela que a escolha do monarca por ela estava relacionada à mãe, Ana da Áustria, pessoa de estirpe irrefutável. “Boas mulheres – no sentido moral – sempre foram fascinantes para Luís XIV. E, apesar de toda a sua justificada reputação de promiscuidade na juventude, e o estabelecimento de seu harém aos 30 anos, nota-se que ele passou pelo menos metade de seus 77 anos na companhia delas”, resume a historiadora.

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