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LUXO
O MG 550, um chinês com alma de inglês, desembarca no Brasil em agosto

O pequeno e simpático Noble é a cara do Smart. O robusto Dadi Shuttle é primo-irmão do Toyota Prado. E o imponente Hongqi HQD não deixa dúvida: é a versão chinesa do luxuoso Rolls-Royce Phantom. Para cada carro existente no mercado mundial, há um equivalente sendo criado, produzido e vendido pela indústria automotiva da China. E, claro, por preços bem mais em conta do que os originais. Com essa fórmula, o país cresce e conquista o mundo. Em 2009, vendeu 13,7 milhões de carros. Este ano, quer chegar aos 17 milhões. No Brasil, os chineses começaram a aparecer timidamente no ano passado, quando a Chery lançou o SUV Tiggo por R$ 49.900. Há um mês, desembarcou aqui o Cielo, nas versões sedã e hatch, por R$ 41.900.

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Para agosto, estão previstos dois novos lançamentos: o Face, também da Chery, no segmento mais popular (deve custar R$ 29 mil), e o sofisticado MG 550, um sedã de alma inglesa e corpinho chinês. A MG era uma tradicional montadora inglesa, mas foi adquirida pela chinesa Saic (Shangai Automotive Industry Corporation). O carro irá competir com modelos como Audi A4 e BMW 320, mas será bem mais barato: R$ 95 mil, contra os R$ 145 mil, em média, dos concorrentes.

Ainda não dá para saber se o carro “made in China” vai cair de fato no gosto dos brasileiros. Pouco mais de 1.600 veículos de passeio chineses foram comercializados no Brasil, uma ínfima fração dos 4,3 milhões de automóveis emplacados desde 2009. Os especialistas afirmam que o fator preço será o principal atrativo num primeiro momento – e os chineses podem ser agressivos neste ponto. A Chery promete para o ano que vem o supercompacto QQ por apenas R$ 20 mil.

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Para o consultor de mercado automotivo Stephan Keese, da Roland Berger, é uma questão de tempo. “Eles só precisam melhorar a marca e a qualidade dos carros, que é boa, mas ainda não é excelente”, afirma. Sérgio Casanova, especialista em design automotivo, concorda que, em pouco tempo, o carro chinês estará entre as opções de compra dos brasileiros. “Não podemos subestimá-los, eles apostam alto. Em poucos anos estarão fazendo carros ótimos.” E, quem sabe até, com personalidade.

Por enquanto, a maior especialidade é a imitação de modelos famosos. “É compreensível”, argumenta Keese. “É uma indústria muito nova e que quer agradar a um público que tem um gosto muito diferente do deles.” Também pesa o fato de que design é algo novo para a cultura chinesa. “Por isso eles copiam ou, a exemplo dos coreanos, contratam designers europeus.” Essa estratégia já incomodou muitas montadoras. A BMW, por exemplo, conseguiu impedir a venda do Shuanghuan CEO, modelo igualzinho ao seu X5, na Alemanha. A mesma Shuanghuan foi processada pela Daimler por causa do “Smart chinês”. E a Chery sofreu um processo da GM em 2003 por ter imitado o modelo do carro Spark. A montadora americana perdeu a causa.

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Para Casanova, a tendência de copiar os carros bem-sucedidos tende a desaparecer. “Os japoneses também foram supercriticados nos anos 1970”, compara. “Eram acusados de imitar e de fazer carros de péssima qualidade. Hoje, estão entre os melhores do mundo.” Segundo ele, a busca por uma identidade própria será um processo natural – e necessário para a sobrevivência no mercado. “Hoje, não é nem o design que faz a diferença, mas o ‘shape’. Cada montadora tem um formato próprio e é isso que faz com que ela seja reconhecida”, diz.


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