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Um garotinho americano chamado Alec Greven, 11 anos, começou a sua carreira de escritor reconhecido ao somar seu talento precoce a um filão que o mercado literário descobriu e investe pesado: a série de livros de um tema só. Depois de lançar “Como Falar com Meninas” (Record), Greven escreveu mais três obras, todas com títulos recorrentes. Já na segunda delas, “Como Falar com as Mães” (que acaba de chegar ao Brasil), o pequeno escritor contabilizava números de gente grande: ambas venderam juntas nos EUA cerca de 300 mil exemplares. O terceiro volume é esclarecedor: ensina a conversar com Papai Noel. Não dá, por exemplo, para comparar com um best-seller de Dan Brown, mas o fato é que se trata de um grande sucesso.

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A fonte na qual bebe o menino americano foi testada por grandes nomes como Richard Carlson, que acumula 26 milhões de cópias vendidas de sua série “Não Faça Tempestade em Copo D’Água” (Rocco). O primeiro, lançado em 1997, deu origem a mais 13 títulos idênticos, aconselhando a não fazer tempestade em copo d’água no amor, no trabalho, na vida a dois e por aí vai. No Brasil, a moda, agora, está provando que também pegou.

Thalita Rebouças bateu a marca de mais de 500 mil exemplares somando seus dez livros, sendo que metade são filhotes de “Fala Sério, Mãe” (Rocco), lançado em 2004. Outra autora, Ana Beatriz Barbosa Silva, segue firme na linha de “Mentes Inquietas” (Fontanar), “Mentes Insaciáveis” e “Mentes Perigosas” – esse último, com mais de 230 mil exemplares vendidos, se desdobrou em outra possível nova vertente: “Bullying – Mentes Perigosas na Escola”.

Em seus manuais de como “falar sério”, Thalita imaginou situações envolvendo pais, professores, amigas e namorados e, hoje, escreve por pressão de seus leitores o “Fala Sério, Filha!”. Ela nega qualquer orientação dos editores: “Não vou encher linguiça só porque as pessoas querem comprar meus trabalhos.

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Já encerrei outra série (a trilogia iniciada com “Tudo Por um Pop Star”) quando achei que ela estava completa.” Pode-se questionar
a repetição da fórmula. Mas, no Brasil, onde a pesquisa da Câmara Brasileira do Livro aponta que a média de leitura é de apenas l,2 livro por ano, isso não é de todo ruim. O problema é a qualidade, que corre o risco de cair quando o autor insiste em explorar um segmento já esgotado. “As obras em série aproximam as pessoas da leitura. Nesse sentido, cumprem seu papel”, diz a professora Eliane Hatherly Paz, coordenadora da pós-graduação A Produção do Livro, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

 

Leia trecho do livro "Como falar com meninas"

As coisas da vida
{ A vida é dura, não fique parado! }

Às vezes, você consegue fazer uma menina gostar de você, mas aí ela vai embora.

A vida é dura, não fique parado!

DICA: Cerca de 73% das meninas normais largam os meninos; 98% das meninas bonitas largam os meninos.

Ou, às vezes, simplesmente não dá certo.

Eu era apaixonado por uma menina no jardim de infância.

Daí, minha família teve que se mudar, e então eu precisei fazer com que ela sumisse da minha cabeça.

Você também precisa ter consciência de que as meninas vencem a maior parte das discussões e quase todo o poder é delas. Se você souber disso agora, as coisas podem ser bem mais fáceis.

Em último lugar, se você tentar fi car com meninas demais, vai ter problemas com ciúme e pode acabar sem ninguém.

O melhor mesmo é escolher uma só.

Se conseguir fazer uma menina gostar de você, você venceu.

Vencer é o sonho da maior parte dos meninos, mas é muito raro.

O que é necessário para ser um vencedor?

Continue lendo para descobrir!

 

Lei trecho do livro “Fala Sério, Pai!”, de Thalita Rebouças

Na barriga

Lembro, como se fosse hoje, o dia em que Ângela Cristina se aproximou de mim com um sorrisão e disse, feliz da vida:
– E aí, Armando? Não nota nada de diferente?

Sempre tive pânico dessas perguntas. Olhei para minha dileta esposa tentando analisar cada detalhe com muita atenção, para ver se ela tinha pintado o cabelo, cortado o cabelo, aumenta do o cabelo, depilado o buço ou compra do uma roupa nova.

– Brinco novo?

– Não, amor. Olha bem!

– Já sei! Fez limpeza de pele!

– Não é possível, olha direito, olha na minha alma!

Ih, agora melou tudo!, pensei. Desde quando macho que é macho consegue olhar a alma de alguém? Ainda mais alma de mulher? Diante
da minha cara de mil interrogações, ela resolveu me ajudar:

– Vou te dar uma pista. Do que é que os homens mais têm inveja das mulheres?

– De vocês poderem ver outras mulheres peladas sem fazer nenhum esforço? – debochei.

– Armandooo!

– De que é que a gente tem inveja? Ai, ai, ai… Vocês fazem depilação com cera quente, aquilo é um inferno, não dá inveja a ninguém; vocês ficam menstruadas, têm TPM, nada invejável; vocês arrancam a sobrancelha com pinça, uma dor que não mete inveja a ninguém; vocês fazem xixi sentadas, e xixi em pé é mais prá ti co e muito melhor; vocês também não podem tirar a camisa quando tá calor…

– Armando, o que é que só a mulher consegue?

Meu Deus, aquilo parecia um interrogatório!

– Chorar com um filme idiota?

– Claro que não. Pensa!

– Já sei! Passar horas numa mesma loja, experimentar tudo e não comprar nada?

– Engravidar, Armando! Engravidar!

– E você acha que os homens invejam as mulheres por causa de gravidez?

– Claro.

– Faça-me o favor, Ângela Cristina! Gravidez é um porre, as mulheres viram uns bujões de gás, engordam, ficam mal-humoradas, choram, têm desejos estapafúrdios, ficam nove meses sem tomar uma cervejinha…

– Cala essa boca e me abraça, Armando! Eu tô grávida, Armando! – disse muito irritada.

E, naquele minuto, descobri como eu era burro e insensível.

– Ô, meu amor! Era isso que você queria me contar com esse interrogatório todo? Você tá grávida?

– Eu não. Nós esta mos.

– Ah, não, Ângela. Me poupe. Grávida está você, homem não fic…

E só então caiu a ficha: Armando era sinônimo de burro, insensível e lento.

– Você tá g-grávida? Grávida mesmo? Tipo… vai ter um filho? Você… você… vai ter um filho meu?

– Arrã – respon deu ela com o sorriso mais doce que eu já tinha visto naque le rosto.

– E eu vou… eu vou… eu vou ser p-p-pai? É isso?

– Tenho quase certeza de que é seu. A não ser que aquela única vez com o padeiro… – ironizou.

– Que padeiro que nada! O filho é meu! É meu! – gritava enquanto a pegava no colo e a enchia de beijos. Ângela Cristina nunca estivera tão bonita!

– Sua filha. Vai ser menina.

– Como você sabe?

– Sabendo. Coisa de mãe.

– Você não é mãe ainda.

– Você que pensa. Sou mãe desde que descobri que tôcarregando o nosso amor na barriga.

Caramba! Taí uma frase de efeito que me deixou bobo. Ela era mãe, mas eu ainda não me sentia pai. Nada no meu corpo mudaria nos próximos nove meses, nenhum ser se desenvolveria dentro de mim, se alimentaria do que eu me alimentas se e me daria chutes que me emocionariam. Acho que os homens só entendem o que é paternidade depois que veem a carinha dos filhos. Já as mulheres… Ângela estava certa.

Fiquei com uma baita inveja dela.