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ARTE LIVRE
“Spiral Jetty” escultura realizada no Great Salt Lake
 

“O confinamento da cultura acontece quando um curador impõe seus limites em uma exibição de arte, em vez de dar ao artista seus próprios limites.” Com essa frase, trecho de um artigo para a revista “Artforum” de 1972, o artista americano Robert Smithson expõe o projeto de sua “land art”: a libertação da arte do espaço “neutro” da galeria e o reconhecimento das estruturas geológicas da Terra como uma forma de arte monumental que não cabe em museus. Exemplo disso é o seu trabalho mais famoso, “Spiral Jetty”, escultura em espiral feita com terra e pedras dentro de um lago de sal de Utah. Seguindo a cartilha de Smithson, o Projeto Areal foi criado pelos professores e artistas André Severo e Maria Helena Bernardes, em 2000, a partir de uma série de ações artísticas realizadas em diferentes lugares do Rio Grande do Sul.

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Seu autor, Robert Smithson, caminha em seu percurso espiralado

Land art, performances e intervenções urbanas são termos que podem descrever algumas dessas ações, como por exemplo o trabalho “Migração”, de André Severo, que durante um ano viajou coletando diferentes amostras de solo e, posteriormente, enterrou-as em seu ateliê, numa espécie de performance ritualística. O Projeto Areal pretende uma arte para além do horizonte institucional, inspirado por toda uma geração de artistas das décadas de 1960 e 1970 que, em suas mais diferentes expressões, lutou para estabelecer uma revolução no campo estético que ampliasse o entendimento da arte. Para comemorar dez anos de atividades, a dupla de artistas celebra os seus mestres inspiradores na exposição “Horizonte Expandido”.

Com parcerias de nove importantes coleções internacionais, como a Fundación Cisneros, a Electronic Arts Intermix e o colecionador James Cohan, a exposição reúne 72 videorregistros e fotografias de trabalhos de 16 artistas. Smithson, Marina Abramovic, Nancy Holt, Bruce Nauman, Allan Kaprow e Vito Acconci são alguns dos grandes nomes da mostra, que acertou ao criar um espaço de exibição livre de amarras pedagógicas curatoriais, obedecendo à tradição romântica – no bom sentido – dos artistas apresentados. “A exposição não aceita os mediadores tradicionais.

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Os curadores da mostra, em performance de Kaprow

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Não há textos explicativos nem linearidade para se entender os trabalhos. Queríamos mostrar como o Areal foi afetado por essa subjetividades”, explica Maria Helena, que optou por uma apresentação nada ortodoxa de Allan Kaprow, ao reencenar sua performance “Fall”. “Não queríamos mostrar o Kaprow museológico, mas o artista que propôs atividades que pudessem ser realizadas por qualquer um”, comentam os curadores. “Muitos dos artistas que integram essa mostra trazem esse convite do ‘faça-você-mesmo’ para o público”, afirma André Severo.


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