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O AVIADOR
O francês Lavaud (foto) fez o que nem mesmo Santos Dumont conseguiu: voar no Brasil
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Em 12 de novembro de 1906 o aviador brasileiro Alberto Santos Dumont decolou com sua aeronave 14-Bis do campo de Bagatelle, em Paris, percorreu 220 metros no ar e conquistou o recorde oficial da aviação mundial. Foi o ponto culminante de uma corrida aérea que tinha na França uma das indústrias mais preparadas para esse desafio naquele início do século XX. Curiosamente, o feito do brasileiro Santos Dumont na Europa, viabilizado pelo talento do aviador e pela tecnologia local, abriu caminho para que o francês Dimitri Sensaud de Lavaud, radicado em São Paulo, realizasse algo semelhante – só que em solo e céu brasileiros. A sua trajetória e o seu empreendedorismo são lembrados no livro “1910 – O Primeiro Voo do Brasil” (Editora Aleph), de Susana Alexandria e Salvador Nogueira. Os avanços na engenharia aeronáutica geravam otimismo, e as boas notícias que cruzavam o Oceano Atlântico levaram o jovem autodidata Lavaud a realizar o que Santos Dumont jamais conseguira: um bem-sucedido voo em espaço aéreo brasileiro.

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Filho de um comendador francês conhecido em São Paulo como barão de Lavaud, ele se dedicou ao longo de quatro anos ao seu ambicioso projeto de construção de um avião. Era aficionado por engenharia mecânica e encomendara na Europa dezenas de publicações científicas. Contratou como parceiro o projetista e mecânico Lourenço Pellegatti, e o resultado de sua empreitada viria a público no dia 7 de janeiro de 1910. A máquina, que batizou de São Paulo, decolou e percorreu 103 metros em seis segundos e 18 décimos, oscilando entre dois e quatro metros de altura. A conquista lhe rendeu o título de primeiro piloto do continente sul-americano a levantar voo numa máquina mais pesada do que o ar, construída com projeto, mão de obra e matéria-prima totalmente nacionais. O assunto, festejado na época, apagou-se com o tempo, e poucos registros restaram de sua trajetória na aviação. Até 1920 ele iria tentar mais três voos no Brasil com duas aeronaves diferentes – sem sucesso. Uma invenção casual, no entanto, transformou sua vida. Ao tentar consertar o primeiro avião, num golpe de sorte, Lavaud descobriu uma forma de fabricar tubos em larga escala. A invenção foi patenteada, e ele criou a Companhia Brasileira de Metalurgia, que o tornou milionário, mas triste: A Santos Dumont, o tempo deu glórias, afinal Paris era Paris.
A Lavaud, só coube o esquecimento.