O ator Edson Celulari mantém no camarim objetos que lembram as suas três paixões: a mulher, os filhos e o seu atual personagem. Por todos os lados há referências ao seu papel em Dom Quixote de lugar nenhum, adaptação do clássico de Miguel de Cervantes feita por Ruy Guerra – vê-se desde uma edição espanhola de 2005 (comemorativa dos 400 anos da publicação da obra original) até um bonequinho do próprio Dom Quixote de la Mancha que ele mandou fazer para presentear o elenco. Já nos espelhos estão inúmeros recados de seus filhos, Enzo e Sofia, e também de sua mulher, Claudia Raia. Foi ela quem lhe deu um cavalinho de madeira. Ele exibe a peça com carinho. E explica: “No espetáculo, Quixote encontra sua amada, Dulcinéia, montado em um cavalo de madeira.”

Celulari faz a sua própria maquiagem e cuida do figurino – para interpretar o personagem também chamado Saco de Ossos ele emagreceu oito quilos. De olho na silhueta, entre a primeira e a segunda sessão alimenta-se apenas com um pouco de curau que lhe é deixado pela irmã Elvira, com quem divide a produção. “Eu ganhei o livro da edição comemorativa da mãe de Ernesto Piccollo (diretor da peça). Quando ela morreu, disse-lhe que estava na hora de montarmos o espetáculo”, lembra Celulari. Do Teatro Frei Caneca (onde estará em cartaz até o dia 7), a peça vai para o Teatro Sergio Cardoso, ambos em São Paulo.