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O artilheiro Luís Fabiano chamou-a de “sobrenatural”. Já o meio-campista Felipe Melo preferiu o adjetivo “patricinha”. Os craques da nossa Seleção colocaram a boca no trombone para reclamar de um detalhe primordial para seu desempenho: a bola que irá rolar nos gramados da África do Sul. Criada pela Adidas – fornecedora exclusiva da Fifa desde a Copa de 1970, no México –, a Jabulani (celebrar, no dialeto bantu) nasceu com o objetivo de ser a mais redonda de todos os tempos. E recursos tecnológicos para tanto não foram poupados. De acordo com os jogadores, porém, as inovações na fabricação transformaram os voos da redonda em rotas imprevisíveis e sem controle, tanto para quem joga na linha quanto para os goleiros.

“Três fatores são decisivos para a performance de uma bola”, diz o professor Ronaldo Moura de Sá, supervisor de física do Anglo Vestibulares. Segundo ele, tudo começa com a massa. Até aí, tudo certo: a Jabulani pesa 440 g e se enquadra nas especificações da Fifa. Depois, há a superfície do objeto. Com apenas oito gomos e sem costuras (leia quadro), ela passeia pelo ar de forma totalmente diferente à das bolas convencionais. “A título de comparação, pense na bola de beisebol, cheia de costuras que acabam sendo usadas de forma até previsível pelos jogadores na hora de dar efeito aos arremessos”, lembra o professor Moura de Sá. Por último, há o ar em si. E aqui a altitude da África do Sul complica a história. Um exemplo: Johannesburgo, palco da estreia do Brasil contra a Coreia do Norte, está a cerca de 1.750 metros acima do nível do mar. Basta citar os jogos da Copa Libertadores da América realizados no Peru ou na Bolívia para lembrar como uma altitude maior deixa qualquer bola mais “leve” graças à menor densidade do ar.

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Diante desse cenário, o pior enrosco ficou para os goleiros. Júlio César, dono da camisa 1 da nossa Seleção, foi taxativo: “Parece uma daquelas bolas de supermercado”. Em sua cola, arqueiros como David James (Inglaterra), Gianluigi Buffon (Itália), Hugo Lloris (França), Iker Casillas (Espanha) e Claudio Bravo (Chile) engrossaram o coro. Por sua vez, a Adidas saiu em defesa de seu produto, alegando que a Jabulani foi fornecida com antecedência às seleções para que os jogadores passassem por uma fase de adaptação. “Ela está em campo desde dezembro e recebemos poucas reclamações”, disse Andy Harland, engenheiro responsável pelo desenvolvimento da bola no Instituto de Tecnologia do Esporte da Universidade Loughborough, na Inglaterra. “Acredito que dez dias de treino serão suficientes para nossos craques se acostumarem com a malandra”, finaliza o professor de física Moura de Sá. Tomara que o mestre esteja certo.

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