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O QUARTEL
Seguranças em cancelas e guaritas e distância de curiosos
marcam a concentração brasileira na África do Sul
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A foto acima ilustra perfeitamente a cartilha montada pelo técnico Dunga para a Seleção Brasileira na África do Sul. Nela, seus comandados aparecem se exercitando, na quinta-feira 27, no campo de golfe do Randpark Golf Club, em Johannesburgo, afastados do contato com os curiosos e distantes de qualquer clima de festa. É com o som produzido por seus trotes no gramado, suas batidas cardíacas e por uma ou outra conversa com o colega do lado que Robinho, Kaká e companhia deverão se acostumar. O picadeiro armado na pequena cidade suíça de Weggis, onde o Brasil ficou concentrado para o último Mundial, em 2006, não deverá abrir nova temporada. Em seu lugar, estará vigente a política do isolamento.

Em nome da seriedade, do comprometimento e do patriotismo, como gosta de frisar Dunga, o Brasil blindou o hotel The Fairway, onde a delegação está hospedada, e o campo da escola Hoersköol Randburg, utilizado para os treinamentos, a 3,5 quilômetros do local. No The Fairway, construído dentro de um campo de golfe, a imprensa foi vetada. Também não há outros hóspedes circulando nos dois andares que abrigam os 62 quartos da Seleção. “Na Copa de 86, o esquema de concentração também foi rígido”, lembra o ex-atacante e atual comentarista esportivo Walter Casagrande Jr. “Mas, naquela época, tínhamos proximidade com jornalistas e torcedores. O contato com gente ajuda.” Cada jogador da Seleção de Dunga terá uma suíte individual, com cama de casal, tevê e frigobar. Teria, ainda, uma bela vista para o campo de golfe, não fosse um enorme tapume levantado ao redor da construção, a pedido dos brasileiros. A intenção é impedir que os sócios do clube de golfe vejam os atletas.

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Antes mesmo de a equipe nacional desembarcar na África, a escola Hoersköol já vivia dias de verdadeira fortaleza. Jornalistas foram proibidos de conhecer as instalações e até mesmo de conversar com estudantes da escola. Um dos seguranças ameaçou chamar a polícia, caso a reportagem de ISTOÉ insistisse em falar com um aluno, que já tinha autorização dos pais para comentar a expectativa pela chegada da equipe pentacampeã.

Na sexta-feira 28, porém, primeiro dia de treinamento do Brasil em solo africano, a imprensa teve acesso ao campo e funcionários e professores da escola puderam assistir à movimentação dos atletas. Sob os olhares atentos de seguranças, posicionados em guaritas e cancelas. “Esperamos trazer os alunos para ver o time, talvez um pequeno grupo de cada vez”, disse a professora Lin Naudé. “Nossas crianças são muito disciplinadas e não iriam atrapalhar.”

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O GENERAL
Dunga foi muito criticado pelo público, em Curitiba,
onde a Seleção iniciou a preparação

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A sul-africana pode se considerar uma felizarda. Na primeira parte da preparação da Seleção, realizada no CT do Caju, do Atlético-PR, em Curitiba (PR), o esquema de blindagem imperou. Uma empresa de segurança particular mobilizou 15 homens para guardar o portão principal. Cerca de 80 pessoas responsáveis pela limpeza, lavanderia, manutenção e cozinha do hotel foram proibidas de pedir autógrafos e fotos com os jogadores. O acesso só foi liberado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) horas antes de a equipe deixar o local rumo ao aeroporto.

Em quase seis dias de trabalho, apenas dois treinos foram liberados para os torcedores. E sem aviso prévio. “Dunga, bundão, libera o portão!” foi o grito de protesto da massa humana. Imagens de treinos físicos foram vetadas. Até mesmo os patrocinadores da CBF seguiram a nova cartilha. Não foi permitida a instalação de lounges para receber convidados, que engordam a conta da CBF em mais de R$ 200 milhões por ano. “Queríamos fazer uma matéria especial com o Kléberson e o Michel Bastos, ex-atletas do clube, mas não tivemos autorização”, conta Maurício Mano, assessor do Atlético-PR.

Para Casagrande, essa superproteção é um exagero. “A comissão técnica fica pegando o atleta pela mão. Aí, quando o cara para de jogar, não sabe nem fazer check-in.” O comentarista defende, ainda, que os treinos sejam abertos e diz que o time deveria ter relizado um amistoso de despedida no País, como fez a Argentina. “Tem torcedor que não conhece a cara do Tiago Silva, do Josué. Se o Ramires sair de calça jeans e camiseta na rua, vão confundi-lo com um pagodeiro.” Dunga parece não estar preocupado com essa identificação visual da torcida com seus jogadores, apesar de tratá-los como defensores da pátria. Prefere protegê-los. Pelo visto, o técnico enxerga adversários também fora das quatro linhas. E pretende fazer marcação cerrada para trazer o hexa.

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